Mar de Weddel: Iceberg é três vezes maior do que a cidade de São Paulo e está à deriva
Um bloco de gelo se desprendeu do flanco oeste de uma plataforma de gelo Ronne na Antártica, no Hemisfério Sul, e se tornou o maior iceberg do mundo, anunciou a Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês), com base em imagens de satélites de monitoramento do programa europeu Copernicus.
O iceberg batizado de A-76 tem a forma de um dedo indicador, ligeiramente oval e alongado e tem uma área de 1.667 milhas quadradas ou cerca de 4.320 quilômetros quadrados, sendo 105 milhas ou 170 quilômetros de comprimento e 15 milhas ou 25 quilômetros de largura, três vezes maior do que a cidade de São Paulo.
O iceberg A-76 está flutuando livremente no Mar de Weddell, uma grande baía no oeste da Antártica. O mar é conhecido como o lugar onde o explorador Ernest Shackleton uma vez perdeu seu navio, Endurance.
Citado em Live Science, o nome A-76 dado ao iceberg foi tirado do nome do quadrante Antártico onde foi visto pela primeira vez. A existência deste iceberg foi detectada pelo Copernicus Sentinel, uma constelação de dois satélites da União Europeia que orbitam os polos da Terra. Os satélites confirmam observações anteriores feitas pelo British Antarctic Survey (BAS), que é a primeira organização a perceber e dar atenção à separação do iceberg.
Como a camada de gelo onde esses icebergs se formam já está flutuando sobre a água, este evento não terá um impacto direto no nível do mar. No entanto, a plataforma de gelo tem ajudado a desacelerar o fluxo das geleiras e o fluxo de gelo para o oceano. Portanto, indiretamente, a perda de parte dessa camada de gelo está, em última análise, contribuindo para a elevação do mar, de acordo com o National Snow and Ice Data Center (NSIDC).
O NSIDC também disse que o continente da Antártica, que está se aquecendo mais rápido do que o resto do planeta, está retendo muita água congelada que pode elevar o nível global do mar em até 200 pés ou cerca de 60 metros. Os cientistas não acham que a mudança climática causada pelo homem levou ao nascimento do A-76 ou de seu predecessor próximo, o A-74.
“O A76 e o A74 são apenas parte de um ciclo natural na plataforma de gelo que não produziu nada grande por décadas”, escreveu Laura Gerrish, pesquisadora do British Antarctic Survey, no Twitter. “É importante monitorar a frequência de toda a formação de icebergs, mas essas são estimativas por enquanto.”
Os satélites em órbita da Terra continuarão a rastrear o novo iceberg, assim como fizeram para o A-68A, o detentor do título anterior do maior iceberg do mundo. Depois de se separar do manto de gelo da Antártica em 2017, o A-68A foi lançado pelas correntes oceânicas em 2020 e quase colidiu com a Ilha Geórgia do Sul, um local de reprodução de focas e pinguins. A montanha perigosa se quebrou em dezenas de pedaços antes de ser esmagada e completamente perdida.
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