Redação Pragmatismo
Mulheres violadas 20/Mai/2021 às 11:06 COMENTÁRIOS
Mulheres violadas

Morte de Lorenza de Pinho intriga legistas; investigação cita “ritual macabro”

Publicado em 20 Mai, 2021 às 11h06

Promotor do esquema de Aécio teria feito cursos de tanatopraxia antes de assassinar a esposa. Dois médicos que assinaram atestado de óbito falso também são denunciados. Reviravolta na investigação ocorre após laudo mostrar apenas 25ml de sangue no corpo de Lorenza. Denúncia descreve “noite de horror” no apartamento do casal

Lorenza de Pinho
O promotor André de Pinho e a esposa Lorenza de Pinho

Lorenza de Pinho foi assassinada pelo marido no dia 2 de abril deste ano, mas as circunstâncias da morte ainda não foram decifradas pela investigação do caso. Autor do crime, o promotor André Luiz de Pinho está preso desde 4 de abril.

Os investigadores acreditam que Lorenza pode ter sido morta como parte de um ritual macabro. A suspeita surgiu porque o laudo da necropsia acusou falta de sangue no corpo da vítima. O legista conseguiu coletar apenas 25 ml de sangue para análises. “Uma mulher normal, de um peso normal, [tem] uma média de cinco, cinco litros e meio de sangue no corpo”, explicou o legista Marcelo Mares Castro.

A investigação encontrou, na agenda do promotor, dois contatos de cursos de tanatopraxia, técnica para conservação de cadáveres, baseada na troca do sangue por substâncias sintéticas. Em depoimento, André Luiz negou ter realizado os cursos.

André de Pinho foi denunciado por feminicídio, juntamente com dois médicos que assinaram um atestado de óbito falso: Itamar Tadeu Gonçalves Cardoso e Alexandre Figueiredo Macialo.

‘Noite de horror’

A denúncia do Ministério Público descreve uma noite de horror no apartamento em que o promotor de Justiça morava com a esposa, no bairro Buritis, em Belo Horizonte.

Segundo documentos e testemunhos colhidos pela Procuradoria Geral de Justiça, entre a noite do dia 1 e a madrugada de 2 de abril deste ano, André envenenou Lorenza e a fez beber cachaça para que a interação entre medicamento e álcool a levasse à morte.

Como a quantidade ingerida não foi suficiente para matá-la, o promotor a enforcou com as próprias mãos. Depois disso, ele telefonou para o plantão do hospital ‘Mater Dei’ e pediu atendimento em sua residência. O médico que esteve lá, Itamar Tadeu Gonçalves Cardoso, já encontrou Lorenza em rigidez cadavérica, segundo narra a denúncia.

No entanto, Tadeu fez constar no prontuário médico que o corpo da vítima tinha atividade elétrica, embora sem pulso. A investigação descobriu que a informação era falsa, já que o médico não tinha equipamento para realizar o diagnóstico.

Segundo o MP, o médico também mentiu ao descrever que a vítima teria engasgado com o próprio vômito. Além disso, André de Pinho e Tadeu conseguiram a assinatura de um segundo médico, Alexandre Figueiredo Macial, para endossar a farsa e permitir que o corpo de Lorenza fosse cremado.

A cremação ocorreria no mesmo dia, mas foi impedida após um delegado desconfiar de que poderia ter havido um homicídio. O policial exigiu que o corpo de Lorenza passasse pela necropsia e, dias depois, o resultado dos exames constatou o assassinato.

Os médicos Itamar e Figueiredo foram denunciados por falsidade ideológica. Além de feminicídio, o promotor vai responder por expor os filhos menores a risco, já que um revólver de sua propriedade foi encontrado em um armário da casa, carregado, e ao alcance das crianças.

O caso também ganhou destaque nos editoriais de política porque o promotor André de Pinho teve atuação decisiva na estratégia de silenciar os adversários de Aécio Neves na eleição presidencial de 2014.

O promotor fez parte da 11ª promotoria de Combate ao Crime Organizado e Investigação Criminal de BH. Na ocasião, chegaram a ser presas pessoas que criticavam Aécio publicamente. Um dos detidos foi o jornalista Marco Aurélio Carone.

Siga-nos no InstagramTwitter | Facebook

Recomendações

COMENTÁRIOS