Redação Pragmatismo
Governo 10/Mai/2021 às 08:00 COMENTÁRIOS
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Pazuello “tremia” durante treinamento para a CPI da Covid, dizem assessores

Publicado em 10 Mai, 2021 às 08h00

Pazuello debochou do povo brasileiro ao passear em shopping de Manaus sem máscara no auge da pandemia, mas fugiu de depor na CPI sob a justificativa de estar com suspeita de Covid. Testemunhas do treinamento dizem que “ele tremia” e tinha medo de sair preso do depoimento

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Jair Bolsonaro e Eduardo Pazuello (Imagem: Alan Santos | PR)

Malu Gaspar, em seu blog

O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello já planejava não comparecer à CPI da Covid desde o final de semana passado, quando participou de um media training para se preparar para o depoimento.

De acordo com pessoas que estiveram com ele, Pazuello estava muito tenso e preocupado com a possibilidade de ser preso logo após depor. “Ele tremia“, contou uma testemunha do treinamento, providenciado pela FSB, empresa de assessoria e consultoria que presta serviços para o governo federal.

A FSB nega que tenha feito o treinamento e diz que nunca ofereceu o serviço a Pazuello. Em nota, ela afirma: “A FSB Comunicação esclarece que não procede a informação de que organizou media training com o ex-ministro da Saúde. A empresa não foi procurada nem procurou o ex-ministro. Não ofereceu nem prestou qualquer tipo de serviço a ele.”

Nos últimos dias, Pazuello tem apresentado oscilações de humor, por achar que o círculo próximo de Jair Bolsonaro planeja abandoná-lo em algum momento.

Como exemplos disso, aponta o fato de estar tendo dificuldades para obter documentos com a gestão de seu sucessor, Marcelo Queiroga, para embasar algumas de suas defesas à CPI.

Segundo Pazuello contou a interlocutores, nem ele e nem seu ex-secretário-executivo, Elcio Franco, recolheram todos os documentos de que precisariam ao deixar o ministério.

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Outro fato que deixou Pazuello cabreiro com o entorno de Jair Bolsonaro foi a recente entrevista do ex-secretário de Comunicação, Fábio Wajngarten, à revista Veja.

Na entrevista, Wajngarten disse que houve “incompetência e ineficiência” do ministério da Saúde em adquirir vacinas, e afirmou que guarda documentos que comprovam a leniência de Pazuello na negociação com a Pfizer, primeira empresa a oferecer vacinas ao governo federal.

O ex-secretário, porém, procurou eximir o presidente de qualquer responsabilidade sobre os atrasos na aquisição de vacinas, o que deixou Pazuello desconfiado de que houvesse uma armação do Palácio do Planalto para deixá-lo pelo caminho.

O treinamento fornecido ao ex-ministro no final de semana foi uma forma de o entorno de Bolsonaro demonstrar apoio a Pazuello, um sinal de que não será abandonado.

Ao longo da sessão, o ex-ministro demonstrou dificuldades em explicar a função de seu ex-assessor, Marcos Marques, conhecido como Markinhos Show, e detalhes dos contratos que assinou.

Dada a resistência de Pazuello a depor, o ministro Luiz Eduardo Ramos, da Casa Civil, chegou a propor que o ex-ministro pedisse à CPI para ser liberado do depoimento presencial, alegando preocupação com os protocolos de distanciamento. A sugestão foi revelada pelo colunista Lauro Jardim.

A alternativa foi descartada na hora, dado que o ministro havia sido flagrado naqueles mesmos dias andando sem máscara num shopping de Manaus.

A justificativa encontrada por Pazuello para não comparecer, afinal, foi outra. O ministro, encontrou outra justificativa para enviar à CPI: a de que teve contato com coronéis contaminados no final de semana e precisaria ficar em quarentena.

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