Corrupção

Acusado de cobrar propina por vacina foi indicado à Anvisa por Bolsonaro

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Presidente Bolsonaro tentou emplacar Roberto Ferreira Dias para o cargo de diretor da Anvisa. Ele é acusado de cobrar propina de US$ 1 por cada dose da vacina AstraZeneca. Davati Medical Supply ofereceu ao governo 400 milhões de doses. "Bastidor da negociação foi uma coisa tenebrosa, asquerosa", disse representante da empresa

(Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino)

Roberto Ferreira Dias, acusado de pedir propina para compra de vacinas, foi indicado pelo próprio presidente Jair Bolsonaro para o cargo de diretor da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em outubro de 2020.

Em 19 de outubro de 2020, o nome de Ferreira Dias chegou a ser publicado no Diário Oficial da União, para que fosse apreciado no Senado para o cargo de diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Paulo Dominguetti Pereira, representante da Davati Medical Supply, empresa que tentou negociar com o governo de Jair Bolsonaro a venda de 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca, acusou Ferreira Dias de cobrar a propina de US$ 1 por dose em troca de fechar contrato com o Ministério da Saúde. Segundo a reportagem, a suposta cobrança de propina ocorreu em um jantar no restaurante Vasto, no Brasília Shopping, no dia 25 de fevereiro.

Roberto Ferreira Dias foi indicado ao cargo pelo líder do governo de Jair Bolsonaro na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR). Sua nomeação ocorreu em 8 de janeiro de 2019.

VEJA TAMBÉM: Governo Bolsonaro respondeu no mesmo dia oferta de vacina com suspeita de propina

De acordo com o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), o presidente Jair Bolsonaro associou Barros às irregularidades identificadas na negociação pela compra das vacinas Covaxin. O servidor do Ministério da Saúde responsável pelas importações e que levantou suspeitas sobre as negociações é Luis Ricardo Miranda, irmão do deputado denunciante.

Inicialmente, a Davati negociou cada dose do imunizante ao preço de US$ 3,5 por cada; depois passou a US$ 15,5.

“O caminho do que aconteceu nesses bastidores com o Roberto Dias foi uma coisa muito tenebrosa, muito asquerosa”, disse Dominguetti.

Após a publicação da reportagem da Folha, o Ministério da Saúde informou que Roberto Dias, diretor de Logística da pasta, será exonerado do cargo.