Bombeiro disse que não tinha feito nada com a menina, mas imagens de câmeras de segurança desmentiram o homem e comprovaram o abuso. Ele ficou detido menos de 24 horas e foi solto pelo mesmo juiz que, em 2018, concedeu alvará de soltura a homem que mataria a esposa dois dias depois
O Bombeiro Militar Claudiney Valadares Lula, de 48 anos, foi detido em flagrante na última sexta-feira (4/6) após passar a mão no seio de uma adolescente de 14 anos dentro de um supermercado em Ceilândia (DF).
Claudiney negou a acusação, mas as imagens das câmeras de segurança foram consultadas e comprovaram o crime. O bombeiro ficou menos de 24 horas preso e recebeu um alvará de soltura ainda no sábado (5).
O juiz Aragonê Nunes Fernandes autorizou a liberação de Claudiney sem pagamento de fiança e com proibição para que ele não deixe o DF por mais de um mês, não mude de endereço nem visite o mesmo supermercado em que foi preso. O bombeiro também não poderá entrar em contato com a vítima ou os familiares.
Aragonê é o mesmo juiz que, em 2018, mandou soltar Vinícius Rodrigues de Sousa, acusado de agredir e tentar matar Tauane Morais, com quem ele teve dois filhos. Três dias após a liberação, o homem matou a então companheira com 20 golpes de faca. Na ocasião, Aragonê se defendeu dizendo que não tinha “bola de cristal” para prever o feminicídio.
Entenda o caso
As imagens do sistema de vigilância do supermercado mostram o momento em que a adolescente passava por um corredor com a mãe e com o irmão. O militar, que caminhava no sentido contrário, apalpou o seio da jovem. Assustada, a vítima avisou os familiares.
O bombeiro negou repetidas vezes que havia encostado na adolescente. Os familiares pediram ajuda aos funcionários do mercado e tiveram acesso ao vídeo das câmeras de segurança, que permitiu ver a ação do bombeiro.
Após o crime, os clientes da loja detiveram Claudiney e acionaram a Polícia Militar, que o prendeu e levou à Delegacia de Atendimento Especial à Mulher. Se condenado pela Justiça, Claudiney pode receber pena de reclusão entre um e cinco anos.
Em nota, o Corpo de Bombeiros do DF disse que tomará as “medidas administrativas cabíveis” e que “não compactua com nenhum comportamento incoerente aos preceitos dessa instituição”.