Candidato do partido de esquerda Perú Libre derrotou Keiko Fujimori, filha do ex-ditador Alberto, e assume o poder em 28 de julho
O candidato de esquerda Pedro Castillo venceu o segundo turno das eleições presidenciais do Peru neste domingo (06) e se tornou o novo presidente do país.
O sindicalista e professor derrotou a ultradireitista Keiko Fujimori. Ele assume o cargo no dia 28 de julho.
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A vitória do candidato do Peru Livre marca uma histórica guinada à esquerda no país andino e desbanca pela quarta vez em uma eleição presidencial a filha do ex-ditador peruano Alberto Fujimori. Keiko, por sua vez, insiste em não admitir o resultado e diz, sem provas, que houve fraude.
Inexpressivo nas pesquisas eleitorais durante o primeiro turno, o sindicalista e professor rural surpreendeu o país ao sair vencedor da primeira volta com 18,9% dos votos.
Quem é Pedro Castillo
Nascido em Puna, uma cidade da região de Cajamarca, ficou conhecido nacionalmente ao liderar uma greve de professores por melhores salários em 2017, paralisação que durou 75 dias e se espalhou por quase todo o Peru.
Castillo se apresentou ao país vestido com os trajes típicos de Cajamarca, com chapéu de aba larga – a identificação dos líderes campesinos conhecidos como ‘ronderos’ – , poncho e os sapatos feitos de pneus reciclados, em cima de um cavalo, que é o principal meio de transporte da sua região de origem. O símbolo de sua campanha eleitoral e de seu partido político é o lápis, já que ele trabalhava, desde os 24 anos, como professor em uma escola rural.
No primeiro turno, o maior apoio que o candidato recebeu veio de regiões mais pobres, do sul do país, como Apurímac, Ayacucho e Huancavelica, onde ele teve cerca de 40% dos votos. Em Lima, ele ficou em quinto lugar, com cerca de 7% dos votos.
Durante a campanha, Castillo defendeu a revogação da Constituição de 1993, documento com inclinação neoliberal que foi promulgado durante o governo ditatorial de Alberto Fujimori, e prometeu a nacionalização de riquezas naturais como as áreas de mineração e hidrocarbonetos.
No campo dos costumes, o candidato recebeu críticas por se opor à educação sexual nas escolas, ao aborto legal e ao casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Ao longo da campanha, desde que o sindicalista venceu o primeiro turno, setores da extrema direita tentaram ligar Castillo ao grupo armado peruano Sendero Luminoso, acusando o candidato de “terrorista”, e o comparando com líderes de esquerda sul-americanos como Hugo Chávez, Evo Morales e Rafael Correa.
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