Eleição presidencial no Peru é decidida voto a voto. Candidata da direita, filha de Alberto Fujimori foi ultrapassada na reta final pelo esquerdista Pedro Castillo. Apuração continua e candidatos prometeram que irão respeitar o resultado das urnas. Campanha foi marcada por fake news
O candidato de esquerda Pedro Castillo passou a adversária direitista Keiko Fujimori na apuração da eleição presidencial no Peru na tarde desta segunda-feira (7) e agora começa a abrir uma pequena vantagem, de cerca de 39 mil votos.
Com 93% das urnas apuradas, Castillo tem 50,116% dos votos válidos contra 49,884% de Keiko, segundo o Escritório Nacional de Processos Eleitorais (ONPE, na sigla em espanhol).
A diferença atual é de apenas 0,232 ponto percentual, ou 39.164 votos. São 8.436.061 para o candidato de esquerda e 8.386.897 para a candidata conservadora.
A pesquisa de boca de urna divulgada no domingo (6) havia indicado vitória apertada da filha do ex-presidente Alberto Fujimori, com 50,3% dos votos válidos (contra 49,7% do professor sindicalista).
Depois, o mesmo instituto de pesquisa passou a projetar Castillo à frente, com 50,2% (contra 49,8% de Keiko), após uma contagem rápida dos votos. Mas apontou empate técnico entre os candidatos.
Keiko foi mais votada na capital Lima e nas grandes cidades, chegando a ficar vários pontos percentuais à frente de Castillo no início da apuração, mas começou a perder terreno quando os votos do interior passaram a ser contabilizados.
Castillo, de 51 anos, havia pedido calma após os primeiros resultados parciais, ainda no domingo, advertindo que “ainda falta contar os nossos votos, da zona rural”. Keiko, de 46 anos, afirmou que a boca de urna deveria ser considerada com “prudência” porque a margem de diferença era pequena.
Na eleição de 2016, a filha de Fujimori perdeu para o banqueiro Pedro Paulo Kuczynski por 50,12% a 49,88%, uma diferença de 0,24 ponto percentual, mas não reconheceu o resultado.
Desta vez, ambos os candidatos prometeram respeitar o resultado da eleição presidencial mais disputada da história do Peru, um país devastado pela pandemia e por uma grave crise política.
“A partir de agora, posso dizer que, seja qual for o resultado, respeitarei a vontade popular, como deve ser”, prometeu a candidata de direita, que tenta pela terceira vez se tornar a primeira presidente mulher do Peru.
“Vamos ser respeitosos assim que houver um resultado oficial”, afirmou o candidato de esquerda após votar com um paletó marrom e chapéu branco típico dos camponeses de Cajamarca.
Fake news
Apesar de afirmar que reconhecerá o resultado das urnas, a campanha de Keiko Fujimori utilizou métodos similares aos de outros candidatos do espectro da extrema direita.
Diversas postagens publicadas em redes sociais buscaram caracterizar um cenário de suposta fraude eleitoral, semelhante ao que fez em 2020 o então presidente e candidato à reeleição nos Estados Unidos, Donald Trump, e o que também promove agora o presidente brasileiro Jair Bolsonaro.
Até a figura do jogador do Barcelona Lionel Messi entrou em campo contra Castillo, mas na forma de fake news. Uma imagem do atleta segurando uma faixa com os dizeres “Peru, diga não ao comunismo” e “comunismo não” passou a circular nas redes sociais peruanas.
A imagem que viralizou foi adulterada a partir de uma campanha que alerta para a poluição dos oceanos da qual o argentino participou – Run for the oceans –, divulgada em suas redes sociais.
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