Saúde

Esportistas estão abrindo o jogo sobre saúde mental, mas ainda sofrem com falta de entendimento

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Imagem: Pixabay

Se as redes sociais têm mostrado muitos aspectos negativos e dado voz a opiniões e visões de mundo que julgávamos superadas, elas também permitem a abertura de discussões muito válidas. Os esportistas como um todo estão usando seus perfis para abrir o jogo com o mundo e nas últimas semanas vimos alguns casos representativos disso.

A tenista americana Naomi Osaka declarou antes do torneio de Roland Garros que não falaria com a imprensa por ter dificuldades com as coletivas, ao mesmo tempo que afirmou ter sofrido com depressão e problemas de saúde mental nos últimos dois anos.

A obrigação de falar após o jogo é válida porque o trabalho da imprensa e a mídia em geral precisa ser valorizado, já que a exposição do torneio e dos atletas passa pela presença de jornalistas e como a história é contada ao mundo. Entretanto, a reação do torneio, que multou a atleta – que acabou desistindo do campeonato – foi muito criticada. Afinal, Osaka é uma das grandes estrelas do esporte e apesar de não ter o saibro de Roland Garros como especialidade, mesmo assim era uma das favoritas para o torneio segundo a Betway.

A questão da saúde mental no esporte é cada vez mais um tema. O futebolista inglês Jesse Lingard também admitiu que teve momentos no Manchester United que ele preferiu ficar no banco porque não estava com cabeça para jogar devido a problemas familiares. Afortunadamente ele deu a volta por cima no West Ham e explicou em entrevista ao site de apostas esportivas Betway como um novo ambiente e a confiança de seu treinador e companheiros resgatou sua carreira.

Problemas como ansiedade, depressão e pânico afetam atletas de diversos esportes. Além dos citados, os jogadores de basquete Kevin Love e DeMar DeRozan, que estão entre os melhores do mundo, também foram corajosos ao expor esses problemas. Só que o mundo dos esportes ainda não parece estar preparado para discutir o assunto.

A contrariedade à ideia do super-humano

Um dos fascínios com os esportes é o espectador ou fã ver um ser humano chegar a um nível de habilidade, força psicológica e resistência que parece impossível. Ver um jogador de tênis encarar uma partida de quatro horas ou um futebolista caminhando para a marca do pênalti para uma cobrança com um estádio inteiro vaiando nunca deixará de ser algo incrível.

Por isso quando aparece uma rachadura na armadura é normal que exista uma estranheza. Em comentários nas redes sociais sobre a decisão de Osaka é comum ver argumentos do tipo “ela recebe milhões para isso, então que cumpra o acordado e vá para a entrevista”.

Só que o momento convida a uma reflexão: chega um momento que há um limite. Que xingar jogadores com a proteção do anonimato e da arquibancada é demais. Que inundar as redes sociais de um atleta com insultos por perder um gol ou não fazer algo que era esperado é cruel. E que a pressão de todo um ecossistema de competitividade, exigência física e psicológica inacreditável é exagerada. Não importando quanto dinheiro uma pessoa ganha, os benefícios da fama e seus privilégios.

O caso de Lingard é curioso. Durante conversa com a Betway ele falou sobre sua temporada no West Ham, que apesar de ser um time tradicional de Londres, nem se compara ao Manchester United, um dos gigantes do esporte e que passa por um momento de declínio depois de duas décadas vitoriosas. Diversos jogadores passaram pelo United sem se firmar e mesmo sendo formado pelo clube, Lingard teve que sair de lá para voltar a ter confiança em seu jogo. Ele chegou a pensar em parar de jogar em dado momento porque teve que cuidar de sua família quando sua mãe, que sofre de depressão, foi fazer tratamento.

Ainda bem que no seu novo time ele reencontrou seu futebol em um ambiente de maior apoio e menos pressão. Tomara que aos poucos exemplos como esse mostram que o ambiente dos esportes pode sim repensar certos pontos e que atletas são humanos como todos nós, inclusive no quesito mental. Pedir ajuda e expor suas batalhas nunca será um sinal de fraqueza.

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