Redação Pragmatismo
Notícias 04/Jun/2021 às 14:52 COMENTÁRIOS
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Generais temem insubordinação após 'caso Pazuello' terminar em pizza

Publicado em 04 Jun, 2021 às 14h52

'Passada de pano' no caso Pazuello pode provocar consequências irreversíveis nas Forças Armadas. Historiador avalia que Exército encontra-se em “situação inédita de submissão”

pazuello bolsonaro

O Exército Brasileiro decidiu arquivar o processo disciplinar aberto para investigar a participação do general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde de Jair Bolsonaro, em um ato político do presidente.

O Regimento Disciplinar do Exército, que regulamenta as transgressões, veda ao militar da ativa “manifestar-se, publicamente”, “sem que esteja autorizado, a respeito de assuntos de natureza político-partidária”.

O general da ativa participou de um passeio motociclístico com Bolsonaro no dia 23 de maio. Em um dos momentos, ele subiu a um trio elétrico ao lado do presidente e discursou para apoiadores. Porém, na avaliação do Exército, Pazuello não infringiu regras ao participar da manifestação no Rio de Janeiro.

“Isso pode disseminar o vírus da insubordinação”, alertou um general em conversa com o jornalista Gerson Camarotti, da TV Globo.

A percepção interna é que o presidente Jair Bolsonaro enquadrou o Exército ao deixar claro que não aceitaria a punição de Pazuello. Nestes últimos dias, o presidente deu sinalizações claras de que blindaria o ex-ministro da Saúde, inclusive com a decisão de nomeá-lo para um cargo em uma secretaria no Palácio do Planalto com um salário mensal de R$ 16 mil.

O temor entre generais é de que se intensifique um movimento de politização dos quartéis. Um sinal disso foi a demissão, em 29 de março, do então ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva e, no dia seguinte, dos três comandantes das Forças Armadas — Edson Pujol (Exército), Ilques Barbosa (Marinha) e Antônio Carlos Moretti Bermudez (Aeronáutica).

Situação inédita

O historiador e cientista político Carlos Fico afirmou que a decisão do Exército de não punir Eduardo Pazuello deixa a Força “em situação inédita de submissão”.

“As Forças Armadas e o Exército em particular se envolveu de maneira promíscua nesse governo, aceitando os cargos, dando apoio político expresso, como no caso do famoso tuíte do ex-comandante Villas Bôas. Então, ficou muito difícil para o Exército se afastar minimamente que fosse desse governo por conta desse envolvimento total, o que inclusive passa em boa medida por boquinhas, cargos, salários”, afirmou o historiador.

Nas redes sociais, o ator Gregorio Duvivier lembrou que o próprio Bolsonaro é fruto da impunidade do Exército. Na década de 80, Jair Bolsonaro elaborou um plano terrorista para explodir bombas em quartéis e outros locais estratégicos no Rio de Janeiro. Bolsonaro e outro militar, Fábio Passos, queriam pressionar o comando.

O STM, por nove votos a quatro, considerou Bolsonaro inocente, mesmo depois de uma comissão interna do Exército, chamada de Conselho de Justificação, tê-lo excluído do quadro da Escola Superior de Aperfeiçoamento de Oficiais (ESAO) e de suas explicações não terem sido consideradas satisfatórias.

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