Lázaro Barbosa escapa após nova troca de tiros com policiais, mas comandante da operação se diz cada vez mais otimista: "Ele está mantendo o padrão, mas está desgastado e cometendo erros". Moradores da região dizem que não dormem há dias: "A sensação é de medo"
Daniel Gullino, Extra
A força-tarefa criada para procurar Lázaro Barbosa de Souza, suspeito de ser um serial killer, fez um cerco na zona rural de Cocalzinho de Goiás na tarde de ontem, nono dia de buscas, mas não conseguiu prender o fugitivo.
Dezenas de policiais civis, militares, federais e rodoviários foram mobilizados em um campo no povoado de Girassol, ao lado de uma estrada de terra, no fim da tarde. Os policiais que estavam no local informaram que houve troca de tiros. A ação durou cerca de uma hora, mas não teve sucesso.
De manhã, o secretário de Segurança Pública de Goiás, Rodney Miranda, havia dito que a polícia estava chegando “cada vez mais perto” de Lázaro, que estaria “cometendo erros”:
“Estamos acreditando que ele está mantendo o padrão, mas está a cada dia mais desgastado e cometendo erros. Nesse erro que nós vamos pegar ele”.
Barbosa contou que o ministro da Justiça, Anderson Torres, ligou ofereceu o envio de 20 homens da Força Nacional, o que foi aceito. A Polícia Federal já havia se somado às operações:
“Está robustecendo ainda mais a nossa ação”, disse.
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Enquanto Lázaro não é encontrado, o clima é de medo na cidade e nas redondezas. Como ele passou por diversas propriedade rurais, o receio é maior nesses locais. O motorista Felipe Leão, cujo pai mora próximo de Cocalzinho, conta que alguns dos seus vizinhos não conseguem dormir.
“Não está fácil, não. A vizinhança lá, tem gente que nem dorme direito. É ruim demais ficar com esse medo. Você não sabe, a qualquer hora o cara pode aparecer. A sensação é de medo. Enquanto não pegar esse cara, ninguém está seguro”.
O gestor de negócios imobiliários Fernando Freitas tem um chácara na Serra dos Pirineus, próxima a Cocalzinho. Freitas interrompeu a obra que estava fazendo no local e voltou para Goiânia, onde mora.
“As pessoas estão com muito medo. Estamos com uma obra lá, (mas) resolvemos parar e vir para Goiânia. Vamos esperar para recomeçar a obra. Os vizinhos estão morrendo de medo. Alguns não têm como deixar a propriedade e não têm armas para se defender”.
Foragido muda hábito de cidade
Nas ruas de Cocalzinho, também há apreensão. A cidade, com cerca de 20 mil habitantes, costumava ser tranquila, mas moradores mudaram os hábitos depois que a busca começou. A preocupação aumenta de noite, quando, segundo a polícia, o suspeito costuma se deslocar. Moradores que não tinham o hábito de trancar suas casas passaram a fazer isso.
“A gente está com medo. Todo mundo sabe que essas casas não têm segurança nenhuma”, afirma a doméstica Ana Lúcia de Moraes.
À noite, as ruas ficam vazias:
“As pessoas estão se recolhendo mais cedo. De casa, dá para ver que está mais silêncio”, afirma Samara Marques, que trabalha em uma loja e diz que o movimento caiu mesmo de dia.
Lázaro é suspeito de matar uma família, no dia 9 de junho, em uma chácara, em Ceilândia, nos arredores do Distrito Federal. Durante a fuga, ele também teria feito diversas pessoas reféns.
No dia 17 de maio, antes de cometer a chacina, o maníaco assaltou uma chácara, também em Ceilândia, e fez quatro pessoas reféns. Chegou sozinho, com uma arma de fogo e uma faca, despiu as vítimas e as filmou. Roubou dois relógios, dois celulares e R$ 90 em espécie.
À polícia, uma das vítimas do dia 17 de maio disse que Lázaro “causou terror psicológico” durante as cinco horas em que ficou na casa, pedindo para que os moradores ficassem de joelhos e rezassem o Pai Nosso com a arma apontada para eles, e que usava uma luva.
Outro membro da família contou que o criminoso pediu que lhe fizessem comida e ordenou que a vítima bebesse todo o vinho da geladeira. Segundo o relato, Lázaro estava tranquilo e “parecia ser uma pessoa estudada”, pois falava bem. O criminoso disse que, ao filmar e fotografar as pessoas nuas, as estava salvando. Ele fez ameaças de publicar os vídeos e fotos na internet caso a família procurasse a polícia.
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