Após pai morrer de Covid, menino de 5 anos entrega currículo na empresa onde ele trabalhava em SP. De acordo com a legislação brasileira, o trabalho infantil é proibido por violar a proteção dos direitos das crianças e adolescentes
Murilo Barbieri Braselino, de apenas 5 anos, decidiu entregar um currículo na empresa onde o pai trabalhava como segurança, em São João da Boa Vista, interior de São Paulo. O pai, Evaldo, morreu aos 46 anos, vítima da Covid-19. As informações são do G1.
“Está lá em cima [no céu]. Deve estar jogando bola ou babando no sol”, disse o menino ao G1. De acordo com o jornal, a ideia do menino era de “trabalhar para ajudar a mãe“, mas acabou sendo uma forma de matar a saudade e ficar mais próximo dos amigos do homem que ele tanto amava.
De acordo com a legislação brasileira, o trabalho infantil é proibido por violar a proteção dos direitos das crianças e adolescentes.
Alguns dias depois da morte do pai, Murilo apareceu com um pedido bem inusitado, segundo a mãe, Tatiana Barbieri Braselino relatou ao jornal.
Saiba mais:
Brasil tem a pior gestão mundial da pandemia, diz consultoria britânica
“Brasil não levou a pandemia a sério e muitos morreram desnecessariamente”, diz Nobel de Medicina
Terceira onda da Covid-19 no Brasil pode ser muito mais mortal, alertam cientistas
“Ele falou assim pra mim: ‘mãe, eu quero entregar um currículo na empresa do pai’. Aí, eu falei: ‘mas, filho, não tem como ir lá, né, agora eles tão trabalhando. Ele falou: ‘não, mas eu quero’. Ai eu fui fazendo pra ele, conforme ele foi falando e eu fui fazendo”.
No currículo, a mãe colocou que Murilo estuda, faz natação e “não fica cinco minutos parado“. Uma foto 3×4 também foi colada. “Coloquei num envelope que eu tinha e aí quando a gente foi no mercado antes a gente passou lá”, disse ela.
Pagar as contas
Na entrega, segundo a mãe relatou ao jornal, o menino encontrou com um dos colegas do pai, o vigia Alan Fritoli Silva. “Eu fiz a ideia do currículo para trabalhar igual ao meu pai”, disse o garoto.
“Aí ele me entregou, falou que era pra entregar no RH, que ele queria trabalhar de qualquer jeito. Falou que queria pra ajudar a mãe, que tinha perdido o pai, que ele é o dono da casa, que ele vai pagar as contas”, disse o vigia.
A mãe ainda disse que o filho entendeu que era o “homem da casa”. “Eu acho que ele entendeu isso assim: ‘que o pai morreu, então agora quem manda sou eu, quem é o homem da casa, sou eu, né? Então ele pegou uma responsabilidade que talvez não era dele ainda, mas ele entendeu que já seria”.
Pai ficou sete dias internado
Evaldo ficou 7 dias se sentindo mal em casa com sintomas de Covid-19. Só então foi buscar tratamento no hospital. Lá, foi internado em uma UTI e ficou apenas um dia antes de falecer.
“No dia que ele internou, ele estava muito ruim e o Murilo chamou ele pela porta e falou: ‘Tchau, pai’. Ele não conseguiu olhar pra trás de tanta dor, de tão cansado que ele estava. Quando ele estava no oxigênio ele falou: ‘poxa, eu nem falei tchau pro meu filho’. Eu falei: ‘mas vai dar tempo de voltar lá e dar tchau’. E não deu”, disse Tatiana.
Yahoo
Siga-nos no Instagram | Twitter | Facebook