Redação Pragmatismo
Saúde 02/Jun/2021 às 17:01 COMENTÁRIOS
Saúde

Mulher que assinou termo rejeitando vacina morre de Covid-19 no RS

Publicado em 02 Jun, 2021 às 17h01

Mulher que assinou um termo de recusa para a vacina contra a Covid-19 morreu em decorrência da doença no Rio Grande do Sul. Detalhes sobre a paciente não foram divulgados

mulher tomar vacina

Uma mulher que assinou um termo de recusa para a vacina contra a Covid-19 morreu em decorrência da doença no dia 23 de maio deste ano na cidade de Esperança do Sul (RS).

O caso foi divulgado em uma publicação da prefeitura no Facebook, preservando dados pessoais da paciente. A prefeitura diz que, como a vacina é opcional, o termo é assinado por todas as pessoas que decidem não tomar o imunizante.

“Sabe-se que hoje as vacinas existentes não protegem 100% a pessoa imunizada de se contaminar, porém previnem que a doença evolua para os casos mais graves, que exigem internações e podem levar ao óbito”, diz a publicação.

De acordo com a prefeitura, menos de 50 pessoas assinaram termos de recusa da vacina no município, que tem 2.885 habitantes, segundo estimativa do IBGE (Instituto Brasile iro de Geografia e Estatística).

O documento diz que a pessoa se recusa a receber a vacina recomendada pelo Ministério da Saúde e que se responsabiliza por quaisquer eventos decorrentes dessa ação.

“Nós fizemos buscas das pessoas com a idade ou com comorbidades nas residências para que possam se vacinar. O termo nos ajuda no controle e nos assegura também de, futuramente, a pessoa dizer que não foi comunicada da vacina na sua idade ou no seu grupo”, explica o secretário municipal de Saúde, Ademir Villers da Cruz.

A Secretaria Estadual de Saúde diz não existe uma orientação do governo para o preenchimento de termos de recusa e que a decisão sobre o registro cabe a cada município. “Alguns preferem ter o documento como segurança de que a dose foi oferecida para aquela pessoa e houve a recusa”, disse a pasta em nota.

Outros municípios da região também adotaram a medida. Em Tiradentes do Sul, com 5.616 habitantes estimados pelo IBGE, o secretário de Saúde, Maurício Beier, diz que são poucas as pessoas que têm recusado o imunizante.

Assim como no município vizinho, caso a pessoa que assinou o termo mude de ideia depois, ela pode ser vacinada. “A pessoa pode decidir se quer fazer ou não, se está em sã consciência, ela tem essa alternativa, por isso, a gente fez esse termo. Poucas pessoas têm recusado”, diz ele.

Vacina, coágulos e contraceptivos

No mês de abril, quando a FDA (agência que regula medicamentos nos EUA) suspendeu a aplicação da vacina da Johnson & Johnson para avaliar os riscos de coágulos sanguíneos em mulheres com menos de 50 anos, muitos cientistas comentaram que os coágulos associados à pílula anticoncepcional eram muito mais comuns.

Na Europa, um número muito pequeno de coágulos associados ao imunizante da AstraZeneca foi registrado, mas as autoridades de saúde do continente recomendaram o uso da vacina e afirmaram que os casos são raríssimos e que os benefícios que ela traz são muito superiores aos riscos.

As comparações se destinam a tranquilizar as mulheres sobre a segurança das vacinas. Em vez disso, provocaran raiva em alguns setores – não tanto pela suspensão da vacina, mas pelo fato de a maioria dos contraceptivos disponíveis para mulheres serem centenas de vezes mais arriscados e não haver alternativas mais seguras à vista.

Os coágulos ligados à vacina eram de um tipo perigoso para o cérebro, enquanto as pílulas anticoncepcionais aumentam as chances de coágulos sanguíneos na perna ou nos pulmões – um ponto rapidamente levantado por muitos especialistas. Mas a distinção fez pouca diferença para algumas mulheres.

“Onde estava a preocupação de todos com coágulos sanguíneos quando começamos a dar pílulas para meninas de 14 anos?”, escreveu uma mulher no Twitter. Outra disse: “Se o anticoncepcional fosse feito para homens, teria sabor de bacon e seria gratuito”.

Algumas mulheres ouviram, nas redes sociais e em outros lugares, que não deviam se queixar porque tinham decidido tomar a pílula anticoncepcional sabendo dos riscos envolvidos.

“Isso simplesmente me fez reforçar a crítica”, disse Mia Brett, especialista em história do direito que estuda raça e sexualidade. “Essa é uma reação muito comum aos cuidados de saúde das mulheres – quando apontamos alguma coisa, ela é desprezada.”

com informações da IstoÉ

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