Saúde

Pfizer ofereceu vacina ao Brasil pela metade do preço, mas Bolsonaro recusou

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Novos documentos mostram que Bolsonaro recusou em 2020 vacina da Pfizer a 50% do valor pago por EUA e União Europeia. Doses teriam salvado milhares de vidas

(Imagem: Liam McBurney | Reuters)

Mais uma informação apurada pela Comissão parlamentar de Inquérito (CPI) da COVID – que esta semana deverá ouvir pela segunda vez o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga – tem o efeito de cair como uma bomba sobre o Palácio do Planalto.

A Folha de S. Paulo publicou reportagem nesta segunda-feira (07), com base em e-mails trocados entre representantes da gigante da indústria farmacêutica, a Pfizer, e o governo Bolsonaro, que atestam que o mandatário recusou vacinas no ano passado pela metade do preço pago por Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia.

Os imunizantes, considerados em agosto de 2020 “caros” pelo então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, teriam sido entregues em dezembro do ano passado a 10 dólares a dose. Estavam previstas inicialmente 70 milhões delas.

Em depoimento à CPI, o general e ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello reiterou que considerou “caras”, em agosto de 2020. A proposta era de entrega de até 70 milhões de doses da Pfizer, a US$ 10 cada a partir de dezembro do ano passado.

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O Ministério da Saúde, agora comandado por Marcelo Queiroga, prevê R$ 30 bilhões para a vacinação no país. Essa valor equivale a 10% do auxílio emergencial em 2020 e também é menos do que os R$ 44 bi previsto para este ano como compensação pelo fechamento da economia.

O Brasil fechou novo contrato com a Pfizer que prevê 100 milhões de doses até dezembro.

EUA e Reino Unido, que já imunizaram 40% da população, pagaram 20 dólares pelas doses da Pfizer. Para a União Europeia, esse preço ficou em US$ 18,60.

No Brasil, as primeiras doses chegaram apenas em abril, oito meses depois do contato inicial.

53 e-mails sem retorno

Documentos divulgados pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI da Covid, mostram que a gestão Jair Bolsonaro deixou de responder 53 e-mails da farmacêutica Pfizer enviados para pedir um posicionamento sobre a compra de vacinas para a covid-19.

Na CPI, Pazuello classificou a proposta da Pfizer como “agressiva” e disse achar “caro o preço de 10 dólares a dose – meses depois, a gestão Pazuello fechou o negócio com a empresa com esse mesmo valor.

Antes da Pfizer, o Brasil se vacinava com a Coronavac, do Instituto Butantan, e AstraZeneca-Oxford, distribuída pela Fiocruz. Até o momento, 11% da população brasileira recebeu as duas doses da vacina contra a Covid-19.

Com EM e Yahoo

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