Estudo da Rede Análise Covid-19 mostra que pelo menos 112 mil vidas poderiam ter sido salvas se a vacinação da população não tivesse sido prejudicada por Bolsonaro. O estudo considera apenas o boicote à vacina e não leva em conta outras atitudes do presidente que prejudicaram a pandemia no País
Um estudo produzido pela Rede Análise Covid-19 mostra que, pelo menos, 112 mil mortes causadas pela infecção poderiam ter sido evitadas, se o presidente Jair Bolsonaro não tivesse boicotado a vacinação, ignorando os imunizantes disponíveis desde o fim do ano passado.
Os dados contemplam apenas o período entre 21 de fevereiro e 20 de junho deste ano e a estimativa equivale a 44% das 253.357 mortes ocorridas no período de 120 dias.
A Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado (CPI) da Covid investiga se esse boicote foi premeditado para favorecer uma compra suspeita de vacinas Covaxin, mais caras que todas as demais e que até hoje não tiveram os resultados completos dos testes de eficácia apresentados.
O estudo chegou ao número de 112 mil mortes que teriam sido evitadas se Bolsonaro não boicotasse vacinação a partir de comparações dos óbitos registradas no Brasil com os registrados na Argentina, Chile, Equador e União Europeia.
O objetivo, segundo os coordenadores, foi estimar a quantidade de mortes que poderiam ter sido evitadas no Brasil, caso fosse adotado um conjunto de medidas sanitárias semelhantes às daqueles países, o que inclui vacinação em massa.
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Quando a comparação considera somente os três países sul-americanos, o estudo aponta que o número de mortes que poderiam ter sido evitadas cairia para cerca de 83 mil, o que equivale a quase 700 óbitos evitáveis diariamente no Brasil, em quatro meses. Chile e Argentina começaram a vacinação ainda em dezembro de 2020. E o Equador iniciou três dias depois do Brasil.
O estudo destaca que a primeira dose de vacina aplicada no mundo foi a da Pfizer, no Reino Unido, em 8 de dezembro de 2020. No Brasil, a primeira dose foi aplicada somente 40 dias depois, em 17 de janeiro de 2021, com a CoronaVac, produzida pelo laboratório chinês Sinovac, em colaboração com o Instituto Butantan.
Porém, o governo Bolsonaro recebeu dezenas de ofertas do imunizante da Pfizer, mas ignorou todas durante dez meses. Somente em 6 de maio desse ano, o Ministério da Saúde fechou contrato com a farmacêutica.
“O fracasso brasileiro no controle da pandemia é patente desde seu início, mas recentemente foi agravado pela insuficiente vacinação. Principalmente a vacinação em massa com maior celeridade, (junto com) o foco em ações consistentes de educar a população sobre como se portar, a não disseminação de informações sobre medidas farmacológicas sem evidências e o consenso de efetividade no combate à covid-19, certamente impediriam perdas de vidas”, destacam os pesquisadores.
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