Uma policial passava pelo local no momento em que a mulher agrediu pai e filho em área externa de shopping e deu voz de prisão. A racista ainda tentou fugir, mas foi contida. "Fiquei sem chão", diz uma das vítimas
Uma mulher de 64 anos foi presa em flagrante, nesta quarta-feira (28), por injúria racial, em Taguatinga, no Distrito Federal. Pai e filho estavam na calçada, em frente a um shopping da região, quando a idosa passou por eles e iniciou as ofensas. “Negrada do inferno, vai pro raio que o parta [sic].”
No momento das agressões, o técnico em telecomunicação Alcides Jesus Santos, de 39 anos, filmava o pai, José Barbosa dos Santos, de 70 anos, em frente ao estabelecimento comercial. Eles voltavam de uma consulta médica, já que o idoso faz tratamento contra um câncer.
As imagens mostram que os dois comentavam sobre a pintura do edifício. José trabalha como pintor há mais de 40 anos. Nesse momento, a mulher passou e ofendeu pai e filho.
Uma policial militar à paisana passava pelo local e escutou o que a idosa disse. “Você está doida?”, questionou a agente quando notou o crime. Em seguida, o vídeo mostra que a mulher tentou fugir e agrediu a policial com um chute.
Momentos depois, um militar do Corpo de Bombeiros que também viu a situação, ajudou a conter a agressora até a chegada dos policiais militares. O nome da mulher detida não foi divulgado.
O caso foi registrado como injúria racial e vias de fato, já que a mulher também agrediu a policial. A agressora acabou liberada horas mais tarde após pagar R$ 1 mil de fiança.
VÍDEO:
Alcides Jesus Santos disse acreditar que o crime se trata de um caso de racismo e, não, de injúria racial (entenda abaixo). “Quando ela fala ‘negrada’, ela envolve toda uma raça”.
“Fiquei sem chão, mas graças a Deus estava passando uma policial, que ajudou a gente. É inadmissível que, em pleno século 21, a gente ainda esteja tendo que ver essa situação no Brasil. É bastante complicado”, afirmou.
De acordo com a legislação brasileira, o crime de racismo é aplicado quando a ofensa discriminatória é contra um grupo ou coletividade. Por exemplo, impedir que negros tenham acesso a estabelecimento comercial privado.
Já com base no Código Penal, injúria racial se refere a ofensa à dignidade ou decoro, utilizando palavra depreciativa referente a raça e cor com a intenção de ofender a honra da vítima.