Redação Pragmatismo
Jair Bolsonaro 27/Ago/2021 às 17:31 COMENTÁRIOS
Jair Bolsonaro

Bolsonaro chama de 'idiota' quem diz que é melhor comprar feijão do que fuzil

Publicado em 27 Ago, 2021 às 17h31

Completamente fora de si, Bolsonaro chama de idiota aqueles que dizem que é melhor comprar feijão do que fuzil. Senador Randolfe rebateu o presidente: "Parece que ele vive em outro planeta. O povo não tem dinheiro nem parar comprar faca de mesa"

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No cercadinho do Alvorada, Bolsonaro critica quem reclama do preço do feijão e defende que o povo compre fuzis

Em meio à alta na inflação de alimentos, botijão de gás, gasolina e conta de luz, o presidente da República, Jair Bolsonaro, chamou de “idiota” os cidadãos que dizem que tem que comprar feijão e ressaltou que abriu os caminhos para as compras de armas de fogo no país. As declarações foram dadas a apoiadores no cercadinho do Palácio da Alvorada. O diálogo foi transmitido pelo canal de apoio ao presidente no youtube “Foco Brasil”.

Na ocasião, um dos apoiadores do presidente questionou se havia novidades para a compra de armas por parte dos integrantes do CAC (Colecionador, Atirador desportivo e Caçador). Bolsonaro então respondeu:

“O CAC está podendo comprar fuzil. O CAC que é fazendeiro compra fuzil 762. Tem que todo mundo comprar fuzil, pô”, disse. Bolsonaro então repetiu o bordão “povo armado jamais será escravizado”, e assumiu a alta da inflação. “Eu sei que custa caro. Tem um idiota: ‘Ah, tem que comprar é feijão’. Cara, se não quer comprar fuzil, não enche o saco de quem quer comprar”, concluiu o presidente da República.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) rebateu a declaração feita por Bolsonaro. Em entrevista à Rádio Bandeirantes, o parlamentar disse que as falas do chefe do Executivo “fogem da realidade”. “As pessoas nem tem dinheiro para comprar faca de mesa”, afirmou.

“Parece que o presidente está vivendo em outro planeta. Ele deve estar governando outro país. Não é questão de ideologia, embora divirjamos que a prioridade seja o armamento. Ele não tem dimensão nenhuma do que o povo está sofrendo. O cidadão quer saber se tem dinheiro para ir ao mercado comprar feijão, já que não vai ter para o quilo da carne. Temos 19 milhões de famintos. Quase 14,5 milhões de desempregados. Quem vivia na pobreza está passando para a extrema pobreza. Voltamos a assistir cenas que o país tinha superado”, rebateu Randolfe.

“O próprio presidente, o que é contraditório, tinha pedido ontem para as pessoas economizarem energia porque estamos na iminência de um colapso hídrico e energético. No meu estado já passou a ser comum acontecerem blecautes. Isso pode começar a acontecer no Brasil todo. É tanta coisa para se preocupar. Será que a grande preocupação do governo é que as pessoas comprem fuzil? Presidente, as pessoas nem tem dinheiro para comprar faca de mesa. Se dão por felizes se forem ao mercado e conseguirem comprar feijão ‘raladinho’ para o almoço e guardar para o jantar. O presidente deve estar em outro lugar. É uma anomalia”, completou.

Armas e preços

O acesso às armas foi uma promessa de campanha de Jair Bolsonaro. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,96% em julho, chegando a 8,99% no acumulado dos últimos 12 meses, maior percentual desde maio de 2016, quando estava em 9,32%. Em 2021, o IPCA acumula alta de 4,76%.

De acordo com os últimos dados do IBGE divulgados em julho, o desemprego no Brasil segue em alta e já atinge 14,7 milhões de brasileiros. Na mesma linha de insensibilidade social do presidente, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta quinta-feira (27), em audiência pública no Senado, que “não adianta ficar sentado chorando”, se referindo a alta da taxa extra na conta de luz dos brasileiros.

Randolfe também comentou a fala de Guedes. “Ele foi nomeado com uma expectativa enorme do mercado e se tornou o gerente do RP9 do centrão. Lá em Brasília, o Parlamento criou uma espécie de orçamento paralelo. São emendas a parlamentares que apoiam o governo através de créditos que correm por fora. Temos dois orçamentos, o público e o paralelo. O ministro que faria uma revolução liberal, enxugaria a máquina pública, virou gerente do orçamento paralelo. Tanto as dele como as do presidente são declarações que fogem da realidade.”

com Congresso em Foco

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