Crise no setor elétrico: a culpa nunca foi de São Pedro
Há uma indução da escassez no sistema elétrico muito bem articulada pelo próprio governo como estratégia de privatização da Eletrobras
Denis Castilho*, Pragmatismo Político
O cinismo de Guedes não tem limite.
Estão promovendo ataques e desestruturando o setor elétrico brasileiro, forjando uma crise por incompetência total e falta (deliberada) de gestão governamental dos recursos hídricos, e ainda têm a caradura (para não dizer sarcasmo religioso) ao culparem São Pedro.
Não bastasse isso, o ministro debocha da população quando diz: “que problema tem o preço da energia aumentar?”
Assim como dito em texto anterior, há uma indução da escassez no sistema elétrico nacional muito bem articulada pelo próprio governo como estratégia de privatização da Eletrobrás.
Essa estratégia a cada dia fica mais nítida e se soma aos adicionais na conta de energia (vide Conta-Covid) e aos benefícios concedidos às empresas privadas que já detém mais de 60% da geração de eletricidade neste país.
Além de tudo isso, é preciso repetir que as irregularidades no regime de chuvas em algumas regiões do país estavam previstas e o Portal Climatempo não deixava dúvidas quanto a isso.
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A culpa, portanto, nunca foi das condições climáticas ou de São Pedro. Isso reforça não somente a total incompetência (deliberada) deste governo – que propositalmente não criou um plano estratégico em 2020 para evitar problemas de abastecimento e de geração de eletricidade, mas também a inércia (ou falência?) das instituições, de partidos e de diversos setores da sociedade.
Essa crise planejada não apenas expõe a insanidade de um governo em ruínas. Evidencia, sobretudo, um governo que coloca o país em ruínas enquanto os súditos aplaudem e os amos assistem.
*Denis Castilho é doutor em geografia e professor do Instituto de Estudos Socioambientais da Universidade Federal de Goiás.
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