Após 16 anos, Merkel vai deixar poder com prestígio em alta no exterior
Prestes a deixar o cargo, chanceler alemã registra maior aprovação em pesquisa sobre líderes mundiais. Condução da economia e gestão da reputação da Alemanha no exterior são considerados pontos fortes.
A avaliação de Angela Merkel, chanceler federal da Alemanha, em cinco grandes países europeus e nos Estados Unidos é majoritariamente positiva e melhor que a de outros sete líderes mundiais, segundo pesquisa divulgada nesta quinta-feira (26). Ela deixará seu cargo neste ano, após 16 anos à frente do governo alemão.
O levantamento da YouGov foi realizado de 9 de julho a 10 de agosto com moradores da Alemanha, Espanha, França, Itália, Reino Unido e Estados Unidos. Em todos eles, Merkel recebeu mais avaliações positivas do que negativas.
Na Espanha, 78% dos respondentes têm opinião “muito favorável” ou “favorável” sobre Merkel. A taxa é de 67% na França, 61% na Alemanha, 54% na Itália, 46% no Reino Unidos e 38% nos Estados Unidos.
Considerando a diferença entre o percentual de respostas favoráveis e desfavoráveis, o desempenho de Merkel nesses países é o melhor comparado a outros sete líderes incluídos na pesquisa.
Por ordem de preferência, depois da alemã estão o americano Joe Biden, o canadense Justin Trudeau e o francês Emmanuel Macron. Nas últimas posições, estão o indiano Narendra Modi, o britânico Boris Jonhson, o russo Vladimir Putin e o chinês Xi Jinping.
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Na Alemanha, o único líder que registrou aprovação maior que a de Merkel foi Biden, com 62% de respostas positivas. A pesquisa foi realizada antes do início da atual crise no Afeganistão.
Condução da economia bem avaliada
O aspecto de Merkel considerados mais positivo em todos os países pesquisados foi a sua contribuição para a economia alemã. Em seguida, estão os efeitos positivos de sua gestão para a reputação da Alemanha no exterior.
Merkel também tem mais avaliações positivas do que negativas em relação ao seu impacto na sociedade alemã, no combate às mudanças climáticas, na direção da União Europeia e no gerenciamento da pandemia de covid-19.
Entre os seis países citados, a melhor avaliação de Merkel, em todos os aspectos, foi registrada na Espanha, seguida pela França.
Desaprovação na crise migratória
Na outra ponta, o tema no qual Merkel tem a pior avaliação é a administração da crise migratória na Europa. Entre os seis países pesquisados, em cinco a alemã recebeu mais avaliações negativas do que positiva, sendo a pior na Itália.
Em 2015, no auge de uma onda migratória, Merkel definiu inicialmente regras favoráveis para receber milhares de sírios que fugiam da guerra civil no país. A medida provocou um impacto positivo na imagem da Alemanha em países do Oriente Médio, mas teve recepção mista entre os próprios alemães. Políticas anti-imigração acabaram se tornando uma bandeira do partido alemão de ultradireita AfD, que conseguiu em 2017, pela primeira vez, eleger representantes para o Bundestag. O tema também ganhou centralidade para legendas de outros países europeus.
No gerenciamento da crise da dívida na zona do euro e do plano de resgate da Grécia, em 2010, Merkel também tem mais avaliações negativas do que positivas em cinco países. Novamente, a pior é na Itália.
Entre os britânicos, a pior avaliação sobre Merkel se dá na sua posição durante as negociações para a saída do Reino Unido da União Europeia, após o plebiscito do Brexit. Para 33% deles, a alemã teve um impacto negativo no processo do Brexit, enquanto apenas 16% consideram que seu impacto foi positivo. Outros 10% responderam que Merkel não teve influência sobre esse tema, e 42% não souberam responder.
Deutsche Welle