Bolsonarista ataca mulheres que vendiam camisetas de Lula e Marielle Franco
Mulheres negras são vítimas de ataque racista por venderem camisetas de Lula, Marielle Franco e Paulo Freire. "Estamos aqui trabalhando, não obrigamos ninguém a comprar", desabafou uma das vendedoras
Rayanderson Guerra, Extra
As camisetas com o rosto da ativista e vereadora Marielle Franco dividem espaço na barraca Antiplay, no Largo do Machado, com as do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Paulo Freire e Spike Lee. Na frente da loja, as vendedoras Nayara dos Santos e Camila Cristina estendem os panos de chão estampados com o rosto do presidente Jair Bolsonaro e roupas com frases críticas a ele.
No dia-a-dia, as cariocas ouvem críticas, recebem olhares estranhos e são alvos de brincadeiras. Nesta semana, no entanto, uma mulher que passava pela praça na Zona Sul do Rio de Janeiro atacou as duas com ofensas racistas e chutou os produtos em exposição, como mostrou o colunista Ancelmo Gois.
Nayara conta que a bolsonarista apareceu na barraca pela primeira vez na terça-feira de manhã, questionando os produtos que estavam sendo vendidos e xingando as vendedoras. Como não recebeu atenção, deixou o local e voltou no dia seguinte, ainda mais inflamada e com o celular na mão.
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“Ela chegou com comentários racistas, preconceituosos e contra a barraca, gravando as meninas. Chegou fazendo arruaça e não respeitando ninguém. A princípio, ninguém deu ideia, mas ela insistiu com os xingamentos. Estamos trabalhando. Se ela ou outra pessoa tem algo contra, é só não comparecer, não comprar. Não obrigamos ninguém a seguir nossa ideologia”, conta a vendedora.
Na quarta-feira, a senhora parou em frente à barraca e começou a filmar e agredir as vendedoras: “Essa gente tem que morrer… Na minha opinião, vocês tinham que morrer de fome, tinha que quebrar isso tudo. Vocês são uma bosta. Vamos filmar e colocar no Facebook“.
“Ela voltou fazendo outra apresentação. Eu já estava ciente do que havia acontecido no dia anterior, mas ela pegou todo mundo de surpresa. Como ela chegou gravando, eu comecei a abrir as camisetas, até para fazer uma propaganda do estabelecimento. Fomos orientados a não retrucar para não dar respaldo para ela. Quando os seguranças acharam ela, ela começou a se vitimizar, insultar outros expositores, disse que tem problemas psiquiátricos, que toma remédio. Nada justifica a humilhação e a forma como ela nos tratou, fora o prejuízo”, conta Nayara.
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Após os ataques, as vendedoras receberam o apoio de outros expositores no local e de seguranças da Guarda Presente. Pessoas que passavam em frente à barraca na noite de ontem pararam para prestar solidariedade e comprar os produtos.
“Sempre tratamos bem nossos clientes, os expositores… Na cabeça dela, ela poderia fazer o que fez e sair impune. Sempre tem um ou outro que nos chama de comunista, petista… mas nada tão agressivo e direto como ela fez. Tem aqueles que não aprovam, passam e viram a cara. E estão no seu direito. Da forma agressiva como ela fez, com comentários preconceituosos, foi a primeira vez”, explica.