Professora foi afastada de escola tradicional após criticar Bolsonaro em sala de aula. Dois dias depois, helicóptero da polícia sobrevoou instituição de ensino e assustou alunos. Juiz pede que MP investigue o caso
Um helicóptero da Secretaria de Segurança Pública de Mato Grosso fez um sobrevoo na escola particular Colégio Notre Dame de Lourdes, em Cuiabá (MT).
Os oficiais fizeram um voo baixo, na manhã desta quinta-feira (2), causando ventania e assustando alguns alunos que presenciaram a cena. Os agentes que estavam no helicóptero exibiram ainda uma bandeira no Brasil.
A ação aconteceu dias depois de uma professora da escola ser afastada por fazer críticas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e aos apoiadores dele. A Secretaria, no entanto, negou que o sobrevoo de 30 segundos tenha relação com o ocorrido e afirmou que se trata de um evento de “comemoração à semana da pátria”.
A Secretaria de Segurança Pública do Mato Grosso relatou via assessoria de imprensa que nenhuma outra escola fez pedidos para demonstrações ou palestras como forma de celebração ao 7 de Setembro.
A pasta ainda afirmou que partiu da escola o pedido para que fossem feitas palestras para os alunos, com os profissionais que trabalham na SSP.
A escola confirmou que fez um pedido para que a Secretaria de Segurança Pública fizesse palestras aos alunos, realizadas nos últimos dias, além do sobrevoo com a bandeira do Brasil.
O Colégio Notre Dame de Lourdes negou que o pedido tenha qualquer relação com a suspensão da professora que fez críticas ao presidente Jair Bolsonaro em sala de aula, tratando-se apenas de uma “coincidência”.
Investigação
Após repercussão do sobrevoo, o juiz Marcos Faleiros, da Décima Primeira Vara Especializada de Justiça Militar, pediu para que o Ministério Público Estadual investigue o caso.
No dia 30 de agosto, o juiz Marcos Faleiros, o mesmo que determinou que fosse feita a investigação, enviou um ofício ao Comandante Geral da Polícia Militar do Mato Grosso, Jonildo José de Assis. No documento, ele lembra que as polícias militares, assim como os bombeiros militares, são subordinadas ao governo do estado.
Além disso, o juiz pontuou que a quebra de hierarquia ou o comportamento subversivo devem ter “consequências graves e imediatas”.
Poucos dias antes do ofício, em 26 de agosto, uma declaração acendeu o alerta de autoridades: a coronel da reserva Rúbia Fernanda de Oliveira Santos, presidente da Associação dos Oficiais da Polícia e Bombeiro Militar de Mato Grosso (Assof), declarou que PMs e bombeiros militares respondem ao Exército, não ao governo estadual.
“Nós somos subordinados ao Exército, por lei, pela Constituição Federal. Eu espero que não aconteça uma ruptura institucional. Mas, se vier a acontecer, as polícias do Brasil, e também os bombeiros, ficarão à disposição do Exército para manter a ordem, para garantir que a democracia seja praticada”, disse Rúbia Fernanda, que foi candidata à senadora em 2018.
Na mesma entrevista, ela afirmou que comparecerá à manifestação a favor de Jair Bolsonaro em 7 de setembro.
VÍDEO:
informações do Yahoo News
Siga-nos no Instagram | Twitter | Facebook