Jair Bolsonaro

Imprensa internacional destaca o desespero de Bolsonaro após o 7 de setembro

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Imprensa internacional destaca que Bolsonaro, combalido por escândalos de corrupção, está em uma aparente tentativa de projetar força no pior momento de sua Presidência. Veja o que The New York Times, The Guardian, Clarín, La Nación e outros periódicos disseram sobre o 7 de setembro

(Imagens: Mídias internacional)

BBC

Jair Bolsonaro, “o combalido líder brasileiro”, está “em uma aparente tentativa de projetar força no pior momento de sua Presidência” ao convocar a população para ir às ruas no feriado de 7 de setembro. A avaliação é do jornal britânico The Guardian, um dos órgãos de imprensa que destacam as manifestações pró-Bolsonaro ocorridas nesta terça-feira (7/9), convocadas pelo próprio presidente.

Muitos cidadãos temem a violência enquanto os apoiadores linha-dura de Bolsonaro vão às ruas para defender um líder cujos índices de popularidade despencaram como resultado de escândalos de corrupção envolvendo seus aliados e parentes e pela forma como ele lidou com a pandemia de covid, que matou mais de 580 mil pessoas“, disse o jornal, em artigo com manchete na sua capa.

Sobre os desdobramentos dos protestos ao longo do dia, o jornal destacou que “milhares marcharam em apoio ao presidente populista de extrema direita, mas pesquisas sugerem que sua Presidência pode estar saindo dos trilhos ante as eleições do ano que vem“.

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O americano The New York Times, por sua vez, destacou que Bolsonaro busca dar uma “mostra de forças que seus críticos temem ser um prelúdio a um golpe” (power grab, no original em inglês). O jornal destacou a queda de popularidade do presidente brasileiro diante de problemas como “uma das respostas mais caóticas (do mundo) à pandemia” e aumento do desemprego, da inflação e da desigualdade e risco de racionamento energético.

O jornal argentino La Nación sugeriu que a motivação de Bolsonaro seria atingir Luiz Inácio Lula da Silva, seu potencial rival nas eleições de 2022.

Em reportagem, o jornal argentino escreveu: “Faltando mais de um ano para as eleições presidenciais, e com seu odiado rival Lula na frente nas preferências dos eleitores, Jair Bolsonaro decidiu queimar os navios e reverter sua sorte com as manifestações que convocou amanhã [terça-feira] na maioria das cidades do país.

O presidente brasileiro convocou suas bases para manifestação nas ruas do dia da independência do país, com a qual espera retomar a iniciativa num momento em que está mais longe do que nunca da opinião pública e em um confronte de morte com o Judiciário, cenário que não poderia ter sido imaginado na seu primeira campanha presidencial, quando quem estava na defensiva, e de fato preso, era Lula.

O jornal afirmou que a aposta de Bolsonaro “é arriscada” porque sua investida contra as instituições estaria sendo “mal digerida por alguns de seus aliados mais próximos“, como o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira.

Ao final da cobertura dos atos, o La Nación afirmou que Bolsonaro “reuniu uma multidão e dobrou sua ofensiva contra a Suprema Corte“.

O jornal argentino El Clarin afirmou que Bolsonaro esperava juntar dois milhões de manifestantes no ato em São Paulo (segundo a PM paulista, porém, houve 125 mil pessoas no protesto), mas ponderou: “É difícil imaginar tamanha multidão na emblemática Avenida Paulista, pois nas últimas manifestações o presidente reuniu apenas algumas dezenas de milhares na cidade mais populosa do país.

O jornal concluiu o dia com a informação de uma “manifestação multitudinária em que se destacaram os tons antidemocráticos“.

O El Clarin também destacou mais cedo uma entrevista com o cientista político Geraldo Monteiro, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, que diz que este dia de mobilização pode “marcar um ponto de virada” no Brasil.

Se for bem-sucedido, Bolsonaro oferecerá uma ‘demonstração de força que pode lhe dar mais margem de manobra’ e um novo impulso para as eleições presidenciais de 2022, nas quais, segundo as pesquisas, seria amplamente derrotado pelo ex-presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva“, disse o jornal argentino.

Mas, em caso de fiasco, o presidente ficará “ainda mais acuado”, sob o risco de ser abandonado por seus aliados políticos e pelo mundo empresarial.”

O francês Le Monde destacou a frase de Bolsonaro de que “uma nova história começa a ser escrita no Brasil a partir de hoje (7 de setembro)”, dizendo que o presidente buscava dar mostra de forças em momento de uma grave crise institucional.

Esplanada dos Ministérios

Ainda no britânico Guardian, foi noticiado o episódio na noite de segunda-feira (6/9), em Brasília, em que manifestantes pró-Bolsonaro romperam um bloqueio da PM de Brasília e invadiram a Esplanada dos Ministérios, em área próxima ao Supremo Tribunal Federal.

A reportagem do The Guardian destacou a fala de uma manifestante contra os policiais que trabalhavam na segurança da Esplanada: “Deus vai fazer você pagar por isso. Vocês, comunistas”, diz a manifestante, em um vídeo citado pelo jornal.

O episódio da invasão da Esplanada dos Ministérios também foi tema de reportagem da revista alemã Der Spiegel, que levantou comparações com a invasão do Capitólio dos Estados Unidos em 6 de janeiro deste ano por apoiadores do ex-presidente americano Donald Trump.

Apoiadores do presidente extremista de direita Jair Bolsonaro romperam uma linha policial na capital brasileira. Centenas deles superaram um cerco com caminhões e carros na véspera do Dia da Independência do Brasil, segundo a polícia de Brasília. Eles chegaram à avenida que dá acesso ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal do país e que estava fechada por motivos de segurança“, diz o Der Spiegel.

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O governo da capital enviou 5 mil policiais para proteger os prédios públicos por causa das manifestações anunciadas para o Dia da Independência. As autoridades querem evitar cenas semelhantes à tomada do Capitólio dos EUA por partidários do então presidente Donald Trump em janeiro.

A revista alemã também noticiou o decreto de Bolsonaro dificultando a exclusão de conteúdo por plataformas da Internet.

Bolsonaro está sob pressão um ano antes da eleição presidencial, devido aos números extremamente baixos das pesquisas e à economia em declínio“, disse a revista.

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