Ciência

Mães envelhecem até 7 anos em seis meses após nascimento de bebês, mostra estudo

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Trabalho conduzido por cientistas da Universidade da Califórnia revelou que, seis meses após o nascimento de seus bebês, as mães sofrem um envelhecimento biológico de três a sete anos além da idade cronológica

(Imagem: iStockphoto)

Evelin Azevedo, Extra

Um trabalho conduzido por cientistas da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, revelou que, seis meses após o nascimento de seus bebês, as mães sofrem um envelhecimento biológico de três a sete anos além da idade cronológica. A causa? A falta de descanso crônico provocada pelas noites mal dormidas, tão comuns depois da chegada de um bebê. O trabalho foi publicado na revista científica Sleep Health.

Os pesquisadores avaliaram um grupo de mulheres durante a gravidez e ao longo do primeiro ano de vida de seus filhos. Durante esse período, várias amostras de sangue foram colhidas para observar o DNA das voluntárias. Eles descobriram que as mães que dormiam menos de sete horas por noite de forma frequente eram mais velhas biologicamente em relação às que dormiam sete horas ou mais.

As mães que dormiam menos de sete horas tinham uma alteração: os telômeros, pequenos pedaços de DNA nas extremidades dos cromossomos que agem como capas protetoras do material genético, eram mais curtos. Telômeros encurtados têm sido associados ainda por cima a um risco maior de câncer, doenças cardiovasculares e outras doenças e morte precoce.

Conforme as células se multiplicam para promover a regeneração dos tecidos do organismo, o comprimento dos telômeros é reduzido. Com o passar do tempo, eles ficam tão curtos que não são mais capazes de proteger o material genético, o que faz com que as células parem de se reproduzir e atinjam um estado de envelhecimento — explica o geneticista Marcelo Sady, responsável técnico do Laboratório Multigene, de Botucatu, em SP.

Enquanto o sono noturno das participantes variou de cinco a nove horas, mais da metade teve menos de sete horas, tanto aos seis meses, quanto no período de um ano após o parto. Os pesquisadores observaram que cada hora de sono adicional refletia em uma menor idade biológica da mãe, ou seja, seu corpo sofria menos com o envelhecimento do que as outras.

Tente dormir junto com o filho

Um sono de qualidade é um dos pilares de uma boa saúde física e mental. Enquanto dormimos, o corpo faz uma verdadeira faxina em neurotoxinas que prejudicam o funcionamento e estão associadas ao surgimento do Alzheimer.

Leia também: Como nosso tempo de sono pode significar se viveremos menos ou mais

Os pesquisadores incentivaram as mães a aproveitarem as oportunidades para dormir um pouco mais, como cochilar durante o dia quando o bebê está dormindo, aceitar ajuda de sua rede de apoio, como família e amigos, e, sempre que possível, dividir com o pai da criança a responsabilidade de cuidar do bebê, tanto durante o dia quanto à noite.

Uma mãe que está extremamente privada de sono ainda produz menos leite porque está estressada, tem menos energia e disposição para cuidar da criança. Dormir pouco pode ser fator de risco para outras doenças, como a depressão e ansiedade — destaca Christianne Martins Bahia, responsável pelo setor de Distúrbios do Sono do Hospital Universitário Pedro Ernesto, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro:

Quando não dormimos à noite, continuamos com uma grande descarga de adrenalina e outros hormônios que nos fazem ficar acordados, quando o organismo deveria estar no repouso.

Normalidade só depois do sexto ano

Outro estudo, feito por pesquisadores da Universidade de Warwick, no Reino Unido, mostrou que as mães só conseguem recuperar a quantidade e a qualidade do sono, que tinham antes de engravidar, seis anos após o nascimento do filho. Nos primeiros 3 meses depois do nascimento, elas dormiram em média 1 hora a menos do que antes da gravidez, enquanto a duração do sono do pai diminuiu em apenas 15 minutos.

Dormir pouco influencia inclusive na questão alimentar. A privação do sono reduz os níveis de leptina (hormônio da saciedade) e aumenta os níveis de grelina (hormônio da fome). Esse cenário estimula o risco de sobrepeso ou obesidade, já que a pessoa terá mais fome e mais tempo de comer.

Apesar de não ser possível recuperar o sono perdido, é possível mitigar os efeitos com uma rotina de descanso. O corpo é capaz de se reprogramar e amenizar os danos já causados. As oito horas diárias de sono são a recomendação básica. No entanto, cada faixa etária tem seu tempo recomendado de descanso.

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