Mulher morre ao cozinhar com álcool em SP e deixa filho de oito meses
"Era uma pessoa incrível, cheia de sonhos". Mulher teve 90% do corpo queimado após usar álcool para preparar a comida em casa. Ela passava por dificuldades financeiras e não tinha condições de comprar gás. Bebê também sofreu queimaduras, mas sobreviveu
Geisa Sfanini, de 32 anos, morreu após ter 90% do corpo queimado quando tentava cozinhar em casa usando álcool em Osaco (SP). O acidente aconteceu no dia 2 de setembro e a vítima não resistiu aos ferimentos nesta segunda-feira (27).
Geisa deixa um filho de 8 meses. O bebê também sofreu queimaduras em 18% do corpo, mas se recuperou e está morando com o pai. A vítima estava internada na Unidade de Tratamento de Queimados do Hospital Geral de Vila Penteado.
Mônica Teixeira de Oliveira, proprietária do cômodo que Geisa alugava, afirma que a vítima passava por dificuldades financeiras e estava sem dinheiro para comprar gás de cozinha.
“Ela era minha inquilina, mas com o tempo desenvolvemos uma amizade. Como as coisas apertaram, algumas vezes ela se alimentava na minha casa, ou eu mandava comida para ela, leite para o neném. Ajudava em tudo. Ela era uma pessoa incrível, cheia de sonhos e muito vaidosa apesar das dificuldades”.
Geisa Stefanini e o filho Lucas Gabriel viviam em um quarto e cozinha que era pago pela Prefeitura de Osasco, através de um programa de bolsa aluguel, destinado às famílias em situação de vulnerabilidade social.
Ela estava desempregada e sustentava a criança com cerca de R$ 375 que recebia do Programa Bolsa Família, do governo federal, além de bicos como vendedora de perfume.
De acordo com os bombeiros que atenderam a família, não houve explosão nem princípio de incêndio na casa. O fogo produzido pelo etanol causou queimaduras de segundo grau nas duas vítimas.
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No local, os agentes encontram dois tijolos e uma grelha em cima do fogão, que segundo eles indicam que ela estava tentando cozinhar usando outros produtos de combustão.
Preço do gás de cozinha
Desde o início do ano, o preço médio do botijão de gás aos consumidores subiu quase 30%, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), passando de R$ 75,29 no final de 2020 a R$ 96,89 na semana passada. A alta é mais de 5 vezes a inflação acumulada no período, de 5,67%.
Em alguns locais, os consumidores chegam a pagar R$ 135 pelo botijão de gás – mais de 10% de um salário mínimo.
Durante a campanha eleitoral, o ministro da Economia Paulo Guedes prometeu que o preço de gás de cozinha na gestão Bolsonaro iria chegar a R$ 35. As declarações foram repetidas no primeiro ano do mandato de Bolsonaro. As promessas, porém, jamais foram cumpridas.