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Após discurso histórico, fotos da família de Contarato ganham a web com mensagens de carinho

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Horas após fazer desabafo olho no olho de empresário bolsonarista, fotos da família de Contarato ganham as redes sociais como apoio e senador agradece carinho

Contarato, esposo e filhos (Divulgação)

via Extra

Após rebater ataques homofóbicos durante a CPI da Covid, fotos do senador Fabiano Contarato (Rede-ES) com o marido e os filhos foram compartilhadas nas redes sociais como forma de demonstrar apoio. O parlamentar agradeceu o carinho.

“Muito emocionado, agradeço imensamente por todas as mensagens e todos os gestos de carinho, apoio e solidariedade após meu desabafo contra a homofobia que sofri. Orientação sexual não define caráter. Todos somos iguais perante a lei”, disse Fabiano no Twitter, que mais cedo tinha explicado o objetivo de ter exposto sua família no discurso: “Expus minha família e minha vida para que outras famílias LGBT não sofram o que sofremos. Fiz esse desabafo na CPI hoje diante do depoente que me agrediu. Homofobia é crime! Aprendi com meus pais a respeitar as pessoas. Orientação sexual não define caráter”.

Fabiano é casado desde dezembro de 2017 com Rodrigo Groberio, com quem conheceu em 2011. Nas redes sociais e em diferentes entrevistas, o senador capixaba destaca o lado carinhoso e paciente do amado.

“São 10 anos de história juntos! Nos inspiramos na 1ª carta aos Coríntios que diz que o amor é paciente, bondoso, não maltrata, não guarda rancor e tudo suporta. Nosso desejo é de que todos também possam encontrar esse amor puro e verdadeiro”, escreveu no último dia dos namorados.

Juntos, eles têm dois filhos: Gabriel e Mariana. E enfrentaram percalços para conseguirem concluir processos de adoção e formarem a família que tanto sonharam.

“Nem no melhor dos meus sonhos, eu pude supor que teria uma família tão preciosa e que me traria tanta realização e felicidade. A mim, aos meus dois pequenos Biel e Mariana e ao meu companheiro, a vida foi dura em nos negar o reconhecimento e ao nos impor sistemáticos percalços, juntos e também em nossas trajetórias pessoais, marcadas muitas vezes pelo signo da dor e da exclusão. O que era espontâneo e simples para outros, como uma certidão de casamento ou mesmo a adoção, era um conjunto de sucessivas batalhas e dificuldades pra nós. Mas a recompensa veio proporcional aos desafios. Os obstáculos da moral, das leis, da violência e da negação da nossa legitimidade como Família, assim, com “F” maiúsculo, nos fez mais unidos e fortes. Nosso amor não vislumbrou barreiras, não enxergou cor, classe social ou gênero: só se guiava pelo pelo desejo sincero de estarmos juntos, sermos e fazermos uns aos outros plenos e felizes”, escreveu.

O depoimento na CPI da Covid

O senador Fabiano Contarato (Rede-ES), que é homossexual, pediu nesta quinta-feira que a Polícia Legislativa do Senado apure se o empresário Otávio Fakhoury cometeu o crime de homofobia. No Twitter, Fakhoury usou um erro de grafia de Contarato, que empregou a palavra “fragrancial” em vez de “flagrancial”, para fazer um ataque homofóbico contra o senador. O vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que conduz a sessão, determinou o envio do relato do senador para o Ministério Público Federal (MPF), que vai apurar a ocorrência de crime. A depender das conclusões do MPF, poderá ser aberto um processo na Justiça Federal.

O pedido do senador foi aprovado pela CPI que determinou o envio do relato do senador para o Ministério Público. No Twitter, Contarato havia comentado o depoimento do ex-secretário de Comunicação do Planalto, Fabio Wajngarten, dizendo: “Fábio Wajngarten tem que sair preso da CPI Há estado fragrancial configurado! Cúmplice de Bolsonaro, ele mentiu e omitiu a verdade sobre a criminosa gestão que tem no Planalto o principal aliado do coronavírus!”.

Antes mesmo da fala de Contarato, o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), disse:

“Eu passarei a palavra ao nobre senador Contarato, que tem a minha solidariedade irrestrita, e espero que também tenha solidariedade, independentemente de cores partidárias aqui, não é?”.

Na CPI, Contarato disse que sempre foi tratado com respeito, carinho, admiração e deferência por ele, não sofrendo discriminação. Afirmou ainda que não é fácil para ele se expor e expor sua família, mas isso era necessário. Disse também ter orgulho de sua família e de seu esposo.

“Pegou um Twitter meu, com erro de grafia, e falou isto. O senhor não é adolescente. A sua família não é melhor que a minha”, disse Contarato, acrescentando: “O que leva o senhor, que tem filho, qual a imagem, quanto pai, quanto esposo, vai passar para seus filhos? Isso é obedecer o princípio da legalidade. Porque o Supremo Tribunal Federal, o mesmo que o senhor defende extinguir, criminalizou a homofobia comparando-o ao racismo”.

“O senhor pode ter todo o dinheiro do mundo. Tenho minha vida modesta com muito orgulho, cuidando da minha família, meu esposo, meus dois filhos. Eu quero que eles tenham a certeza de que lutei, continuo lutando para diminuir essa desigualdade no Brasil. Eu aprendi que orientação sexual não define caráter, cor da pela não define caráter, poder aquisitivo não define caráter”.

O senador exigiu que o depoente fizesse um pedido público de desculpa não só a ele: “O senhor deveria pedir desculpa a toda população LGBTQIA+. A mesma certidão de casamento que o senhor tem, eu também tenho — acrescentou o senador”.

Fachoury pediu desculpas: “Foi um comentário infeliz, em tom de brincadeira. Respeito a sua família como respeito a minha. Tenho amigos de todos os lados, de todas as orientações. Não tive a intenção de ofender. E se ofendi, e ofendi profundamente, peço desculpas. Não sou uma pessoa que discrimina nem raça, nem cor, nem orientação sexual. Não vejo problema nenhum em retratar, não insisto no erro. Umas das condições da pessoa cristão é reconhecer o erro e pedir perdão. E me retrato aqui diante de todos”.