Engenheiro bolsonarista diz à Polícia Federal que "covid não existe"
Em interrogatório do inquérito das milícias digitais, engenheiro bolsonarista declarou que segue "os maiores cientistas do mundo que afirmam que não existe covid". Desempregado, ele atribui a falta de ofício a "empresas aparelhadas pela esquerda que o impedem de trabalhar"
Candidato derrotado a prefeito em São Simião, no interior de São Paulo, o engenheiro Marcelo Frazão de Almeida se apresentou como “analista político” em interrogatório à Polícia Federal no inquérito das milícias digitais e negou a existência da pandemia. De acordo com o termo de depoimento, ele afirmou que segue “os maiores cientistas do mundo que afirmam que não existe covid“.
Além da empreitada eleitoral frustrada, o engenheiro surfou na onda da vitória bolsonarista em 2018 e fez carreira como youtuber. Seus três canais de vídeo na rede social abordam o universo conservador de extrema-direita. Aos policiais federais, ele descreveu a produção: “apenas liga a câmara e faz a transmissão como se estivesse em um botequim“.
Questionado sobre a preparação do conteúdo divulgado nas redes, Almeida disse que “não há preparação nem edição de conteúdo“. Também afirmou que “não existe método de checagem” sobre as informações disseminadas e que ele “faz a própria interpretação dos fatos“.
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Desempregado, o youtuber atribui a falta de ofício a “empresas aparelhadas pela esquerda que o impedem de trabalhar“. O engenheiro também disse à PF que recebe doações de alunos e seguidores.
Em novembro do ano passado, o bolsonarista foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo por um áudio com informações falsas sobre a vacina contra o novo coronavírus. A gravação conspiratória diz que o imunizante tem intenção de reduzir a população mundial, provocar câncer, alterações genéticas, problemas de fertilidade e ‘homossexualismo’. A Promotoria imputa a ele discriminação com base na orientação e identidade de gênero, que foi equiparada ao crime de racismo por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal).
Rayssa Motta e Fausto Macedo, Agência Estado