ELEIÇÕES 2022

Mulheres: nossa esperança

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Delmar Bertuol*

Eu adoro as mulheres. Todas elas. Minha filha, minha mãe, minhas irmãs, minhas amigas, minhas colegas, minha namorada, aquelas que eu gostaria que fossem minhas namoradas. As mulheres embelezam o quotidiano e, não exagero, dão sentido ao meu viver.

Tive na manifestação contra o Bolsonaro no último dia dois em Porto Alegre. Estava bonita. Emocionante, até.

Gostei de ver as bandeiras nacionais sendo agitadas. Já está mesmo na hora dos democratas retomarem o maior símbolo duma das maiores democracias do mundo. Faltou entoarmos o Hino Nacional.

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O que mais gostei de presenciar, contudo, foi a diversidade. Vi um comentário numa rede social alegando que na nossa manifestação não tinha “patricinha de salto alto”. Discordo da colega progressista. Tinha sim “patricinha de salto alto” gritando “fora Bolsonaro”. Aliás, isso desmonta a pejoração do termo. Patricinha não grita contra este governo. E o modo como a mulher se veste não define caráter. Nem mesmo posição política.

Tinha de tudo no Largo Glênio Peres, em Porto Alegre. Todos e o tempo todo de máscara devidamente colocadas: tapando do nariz ao queixo. Além das gurias de salto, que talvez até tenham ido ao salão de beleza antes, se fizeram presentes os bombados de academia; a turma do All Star; os cabeludos; os carecas por convicção e os com calvície crônica; os colorados; e os gremistas, que, ignorando a iminente queda à série B, colaram adesivos de ordem sobre a camisa tricolor; os com dread; e até as com os duvidosos gostos usando tênis de plataforma alta. Enfim, havia todas as “tribos” em uníssono pedindo aquilo que mais da metade da população brasileira quer: impeachment.

(Imagem: Filipe Araujo | Brasil de Fato)

Não tenho os dados em mãos e nem vi nenhuma pesquisa. É uma constatação empírica (mas se algum dado oficial dizer o contrário, não vou contestar. Obedeço a ciência). Tive a nítida impressão de que havia bem mais mulheres do que homens lá lutando pela volta à civilidade. Adorador de mulheres confesso, não podia estar melhor. Estava rodeado de dezenas de milhares delas! E mais, além de bonitas, com consciência política. Cético que sou, desta vez me rendo à credulidade: o paraíso existe.

É a elas, às mulheres, que devemos depositar nossas esperanças. Havia pessoas de mais idade lá. Bastante idosos, inclusive. Mas os jovens era a indubitável maioria. Logo, as meninas jovens eram as mais presentes. Uma bela jovem numa manifestação pró-democracia não é notícia, é uma poesia pronta. É um fim em si mesmo.

Bolsonaro precisa sair da presidência. O quanto antes. E não é só eu quem acho. Por último, até mesmo o mercado (seja lá o que isso for) está dando mostras de que não suporta mais as pacoatadas do nosso Presidente.

Se haverá o impeachment não sabemos. Talvez não haja e aí, que Deus (sem alternativas, novamente revolvo à fé) ajude a preservar nossas florestas, nossos empregos e, mais urgente, nossa saúde.

Nesse caso, é aguardar as eleições de 2022, ocasião em que devemos contar com a inteligência, a sensatez e a beleza da alma das mulheres brasileiras que, maquiadas ou com o cabelo despenteado (lindas em qualquer das hipóteses), hão de salvar nossa democracia.

*Delmar Bertuol é professor de história da rede municipal e estadual, escritor, autor de “Transbordo, Reminiscências da tua gestação, filha”

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