Bolsonaristas esquecem voto impresso após presidente dizer que 'urna eletrônica é segura'
Voto impresso perde força e cai no esquecimento entre bolsonaristas. Após revés no Congresso e o próprio Bolsonaro ter dito que o uso da urna eletrônica ‘será confiável’ em 2022, o tema sumiu dos posts de apoiadores nas redes
Caíque Alencar, blog Maquiavel
Dez dias após o próprio Jair Bolsonaro (sem partido) dizer que o uso das urnas eletrônicas “será confiável” nas eleições de 2022, a pauta do voto impresso perdeu sua força e praticamente deixou de ser assunto trazido para debate entre os bolsonaristas – no dia 5 de novembro, o presidente afirmou que tem “tranquilidade” porque “o voto eletrônico vai ser confiável ano que vem”.
O discurso surtiu efeito nas redes sociais e, desde então, os filhos de Bolsonaro e outros apoiadores, entre eles os deputados federais Filipe Barros (PSL-PR) e Bia Kicis (PDL-DF), não voltaram a falar sobre o tema. Ambos são, respectivamente, o relator e a autora do que ficou conhecida como a PEC do voto impresso.
Muito antes disso, no entanto, a pauta já vinha perdendo força, principalmente após a PEC ser arquivada no plenário após votação de 33 a 5 na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara e ser enviada à Mesa Diretora.
Em 4 de outubro, o Tribunal Superior Eleitoral abriu o código-fonte dos softwares das urnas eletrônicas para quem tivesse interesse em avaliá-los. A data da abertura, feita seis meses antes do tradicional e, portanto, um ano antes do pleito de 2022, permite que partidos e entidades da sociedade civil possam checar os programas.
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Desde então, os bolsonaristas falaram poucas vezes sobre o assunto nas redes.
Nas duas menções ao assunto que fez após a data, Filipe Barros criticou um pedido do TSE ao Congresso Nacional para abertura de crédito para aplicação no sistema de voto eletrônico – na publicação, o parlamentar chamou as urnas eletrônicas de “ultrapassadas e vulneráveis”.
O TSE está pedindo ao Congresso Nacional quase R$ 1 milhão para compra de apoio às ultrapassadas e vulneráveis urnas eletrônicas brasileiras: pic.twitter.com/gg7TTZfQ0a
— Filipe Barros (@filipebarrost) October 7, 2021
Em outro tuíte, Barros tocou no assunto ao falar sobre as prévias do PSDB, ao comentar que um grupo ligado ao governador João Doria desconfiava do aplicativo de votação tucano.
A deputada Bia Kicis também dedicou bem menos tempo para falar sobre assunto, que era a sua grande obsessão.
A única publicação dela a respeito depois de 4 de outubro foi no dia 29 do mesmo mês, no Twitter, quando considerou “gravíssimo” o fato de o deputado estadual Fernando Francischini ter sido cassado pelo TSE por ter feito uma live disseminando fake news a respeito das urnas eletrônicas. “Gravíssimo o precedente aberto pelo TSE”, escreveu.
Gravíssimo o precedente aberto pelo TSE ao cassar o deputado do Paraná,Fernando Francischini,por apresentar em live denúncias sobre as urnas,denuncias essas consideradas FakeNews. 1ª punição por FakeNews que nem crime é.
— Bia Kicis (@Biakicis) October 29, 2021