Redação Pragmatismo
Jair Bolsonaro 01/Nov/2021 às 10:25 COMENTÁRIOS
Jair Bolsonaro

Bolsonaro é um homem com medo e perdido

Publicado em 01 Nov, 2021 às 10h25

Poucas pessoas, estando ou não em cargos públicos, sentem tanto medo hoje quanto Bolsonaro

Bolsonaro homem medo perdido líderes mundiais
Bolsonaro em reunião do G-20 em Roma

Moisés Mendes, em seu blog

Jair Bolsonaro pode ter sido o único governante a circular pelos salões e corredores da reunião do G-20 em Roma com a companhia de um ajudante de ordens fardado e com todos os adereços militares a que tem direito.

Saiba mais: G20 alcança acordo tímido sobre o clima

Deve ter sido o único que, em conversas com colegas, exaltou o fato de ter formado um governo militar. Bolsonaro disse em conversa com o turco Recep Erdogan que é protegido por generais. Era um genocida exibindo-se para um déspota.

Em conversa com Angela Merkel, disse que não é tão mau como a imprensa afirma. Bolsonaro foi a Roma para se defender, mas acabou sendo exposto como um homem assustado.

Foi a Roma para fugir dos líderes que estão em Roma. A cena patética em que anda sozinho pelo salão e conversa com assessores, um segurança, um tradutor e com os garçons, e não com outros chefes de governo e de Estado, é a imagem que se repete.

Bolsonaro prefere conversar com os garçons porque não sabe o que dizer numa roda de conversa com líderes mundiais.

Na hora do aperto, ele come ou bebe alguma coisa, como fez em Nova York. É preciso fazer algo, e comer é a saída, para disfarçar sua condição de penetra.

Todos acharam as suas turmas em Roma. O presidente da Argentina, Alberto Fernández, participava de uma roda, enquanto Bolsonaro procurava a proteção de quem servia bebidas e canapés num canto.

Poderia ter tentado chegar nem perto do grupo onde estava Erdogan, que talvez o protegesse. Sem ter o que dizer aos garçons, tentou ser engraçado sobre a vitória do Brasil contra a Itália na Copa de 70.

Bolsonaro é um tiozão que tenta fazer piadinhas com um jogo que ocorreu há 51 anos. Sua estratégia é a de buscar sempre o refúgio de uma bobagem, para que o tempo passe e ele fuja da possibilidade de uma conversa séria.

Juntando todos os medos que sente, esse de não ter não lastro para uma troca de ideias é apenas um deles. Bolsonaro exalta seu governo de militares e mostra ao mundo que anda sob a proteção de um ajudante de ordens fardado porque tem medo.

Tem medo da exposição das suas platitudes, tem medo de falar e ouvir, por não dominar nada do que os outros falam, e tem medo de ser flagrado por um governante mundial cometendo uma gafe.

Bolsonaro fugiu das rodas de conversa em Roma porque temia ser filmado dizendo uma besteira para o mundo todo. Escondeu-se por ser incapaz de pensar.

Lula falava com todos eles, com a ajuda de tradutores, e se entendia com Obama, com Merkel, com Putin. Bolsonaro é um problema para os tradutores.

Fugiu até da caminhada dos líderes até a Fontana Di Trevi por temer ficar ao lado de alguém que o provocasse sobre o que ele não domina.

Bolsonaro tem medo sempre que sai do conforto do cercado do Alvorada, do círculo de bajuladores e das motociatas. São temores acionados pelas suas ignorâncias.

É por medo das gafes que não irá à Conferência das Nações Unidas para a Mudança do Clima em Glasgow. Não é porque possa ser exposto a críticas, mas porque teme pagar micos.

A situação de Bolsonaro é a da tartaruga que subiu na cerca e não sabe nem mesmo pedir para que a tirem dali. Ele tem medo de ser exposto a constrangimentos pessoais tanto quanto teme que sua vida fique complicada no curto prazo.

Bolsonaro teme pelos filhos, pelo futuro dos cúmplices dos blefes do golpe. Teme perder o controle dos indiciamentos pedidos pela CPI, tema a debandada do centrão, a infidelidade dos militares e o que Alexandre de Moraes ainda não fez mas é capaz de fazer.

Poucas pessoas, estando ou não em cargos públicos, sentem tanto medo hoje quanto Bolsonaro.

*Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre. É autor do livro de crônicas ‘Todos querem ser Mujica’ (Editora Diadorim)

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