Ser chamado de 'genocida', 'corrupto' e outras barbaridades nunca deixou Bolsonaro tão fora de si como 'Noivinha do Aristides'. Presidente teve reação enérgica e mandou prender mulher que proferiu o 'xingamento'. PRF confirma que abordagem à mulher foi determinada por Bolsonaro
Uma mulher foi detida e levada à delegacia depois de xingar o presidente Jair Bolsonaro de ‘Noivinha do Aristides’ na via Dutra no último sábado (27), em Resende (RJ). Bolsonaro esteve na cidade para participar da cerimônia de formatura dos cadetes da Aman (Academia Militar das Agulhas Negras).
Entre aplausos e xingamentos, Bolsonaro trafegava pela rodovia que liga São Paulo ao Rio de Janeiro. O presidente se irritou especificamente com a passageira de um automóvel e determinou que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) abordasse a mulher.
As informações que estão no Boletim de Ocorrência confirmam que foi o próprio Bolsonaro que solicitou a prisão. Na ocorrência consta que ela “gritou palavras de calão direcionadas ao presidente, em atitude de tamanho desrespeito”.
A mulher foi levada para uma delegacia da Polícia Federal de Volta Redonda, no Rio, distante cerca de 50 quilômetros, e foi liberada em seguida, após se comprometer a comparecer à Justiça.
Segundo o registro, a equipe da escolta abordou o veículo “mediante determinação do próprio sr. Presidente” e enquadrou a autora da injúria nas “devidas cominações legais e qualificou os demais ocupantes”.
A PRF coloca que o episódio foi repassado para uma equipe da Polícia Federal que estava nas proximidades e colheu mais informações. “Diante das informações obtidas, foi constatada, em princípio, ocorrência de injúria com causa de aumento de um terço na pena por ter sido cometida contra o Sr. Presidente da República”, consta no B.O.
O artigo citado na ocorrência é o 140 do Código Penal, “injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro”, com pena de “detenção, de um a seis meses, ou multa”, mais um terço, que consta no artigo 141.
‘Noivinha do Aristides’
Apesar da intimidação e da prisão desnecessária da mulher de 30 anos, internautas encararam o episódio com bom humor e o assunto chegou no topo do Twitter. Uma breve pesquisa em arquivos históricos mostra a razão da fúria de Bolsonaro contra o apelido ‘Noivinha do Aristides’.
O sargento Aristides teria sido instrutor de judô à época em que Jair Bolsonaro cursou a Academia Militar das Agulhas Negras (Aman). A revelação foi feita há muitos anos por Jarbas Passarinho, que foi ministro durante a Ditadura Militar. Jarbas, que também foi senador, desprezava Bolsonaro.
“Aristides era o sargento em cuja cama, segundo Jarbas Passarinho, o então tenente ia chorar as mágoas, nas noites quentes de verão dos aquartelados”, lembrou um jornalista.
Jarbas Passarinho ingressou na carreira militar na Escola Militar do Realengo (RJ), chegando ao posto de tenente-coronel quando da deposição de João Goulart e a subsequente instauração do Regime Militar de 1964. Jarbas foi ministro da Educação no governo do general Emílio Garrastazu Médici — período tido como o mais repressor da ditadura militar no Brasil.