Chavismo conquista vitória esmagadora em eleições na Venezuela
Em eleições regionais marcadas pela volta da oposição às urnas e pela forte presença de observadores internacionais, partido de Nicolás Maduro vence em 20 de 23 estados e em Caracas
DW
O chavismo consolidou seu poder na Venezuela neste domingo (21) ao vencer em 20 dos 23 estados do país, além da capital, Caracas, nas eleições regionais, segundo os números divulgados pelas autoridades eleitorais após a contagem de mais de 90% dos votos.
O pleito marcou a volta da oposição às urnas após um boicote de quatro anos e foi o primeiro no país em 15 anos a contar com uma missão de observadores eleitorais da União Europeia (UE).
As eleições foram um grande teste para o governo do presidente Nicolás Maduro, num país arrasado pela crise econômica e afetado por sanções internacionais. A reeleição de Maduro em 2018 não é reconhecida pela oposição e por boa parte da comunidade internacional.
“Nós, as forças revolucionárias, ganhamos 21 [estados], incluindo a capital do país“, celebrou Maduro. “Bom triunfo, boa vitória, boa colheita do trabalho, um trabalho perseverante.”
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O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) afirmou que 41,8%, ou 8,1 milhões dos 21 milhões de eleitores, compareceram às urnas.
Em contraste com o triunfo do governista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), a oposição, debilitada e fragmentada, venceu em apenas três estados, perdendo até mesmo na região tradicionalmente opositora de Táchira, na fronteira com a Colômbia.
Os oposicionistas, no entanto, saíram vitoriosos no estado mais populoso do país, Zulia, com o candidato da Mesa da Unidade Democrática (MUD). Também venceu o representante da MUD em Cojedes, tradicional bastião chavista, e em Nueva Esparta ganhou o candidato do partido recém-fundado Fuerza Vecinal.
Novo ponto de partida para oposição e Maduro
Os maiores partidos de oposição haviam boicotado as eleições presidências de 2018 e as legislativas de 2020, nas quais o oficialismo recuperou o controle do Parlamento, denunciando ambos os pleitos como fraudulentos.
As eleições regionais deste domingo se apresentaram como um novo ponto de partida não apenas para a oposição, mas também para Maduro, que busca o levantamento de sanções internacionais, incluindo um embargo petrolífero dos Estados Unidos.
Mais de 130 observadores internacionais estiveram presentes, principalmente da União Europeia, em meio a garantias do governo Maduro de que as eleições seriam livres e justas. A missão da UE deve apresentar um relatório sobre o pleito nesta terça-feira.
O fechamento dos centros de votação estava previsto para as 18h deste domingo. A oposição criticou a ampliação desse horário, apesar de ser um procedimento habitual no país. A lei eleitoral venezuelana indica que, enquanto houver eleitores na fila, as sessões devem permanecer abertas.
Também houve outros incidentes durante a jornada eleitoral que foram minimizados pelo presidente do CNE, Pedro Calzadilla, segundo a agência de notícias Efe.
Um homem foi assassinado no município de San Francisco, no estado de Zulia, ao fazer fila para votar, mas o caso não foi mencionado por Calzadilla durante o anúncio dos resultados. O ministro do Interior, Remigio Ceballos, afirmou se tratar de um “ato criminoso isolado do processo eleitoral“.
“Resultado lamentável para a oposição”
Apesar do retorno da oposição às urnas, o movimento chavista liderado por Maduro era visto como o provável vencedor da maioria das eleições regionais, em que foram escolhidos governadores, prefeitos e vereadores.
Henrique Capriles, antigo candidato presidencial que perdeu para Hugo Chávez em 2012 e para Maduro um ano depois, havia dito que a oposição provavelmente não teria um bom desempenho em função de suas divisões internas.
“Os resultados do CNE trazem poucas surpresas […] O mapa permanece fundamentalmente vermelho [cor do governista PSUV], como se esperava“, escreveu no Twitter o analista Luis Vicente León, diretor do instituto de pesquisa Datanálisis.
“Este resultado é lamentável para a oposição, pois se definiu fundamentalmente devido à abstenção e à divisão“, afirmou León, fazendo referência às dificuldades dos rivais de Maduro de acordar candidaturas unificadas.
Este resultado es lamentable para la oposición, pues se definió fundamentalmente debido a la abstención y la división.
— Luis Vicente Leon (@luisvicenteleon) November 22, 2021
O líder opositor Juan Guaidó, reconhecido como presidente interino da Venezuela por dezenas de países, não votou e se manteve em silêncio.
Guaidó defendeu na última semana a retomada das negociações entre governo e oposição no México. Maduro, no entanto, disse neste domingo que “não há condições” para retomar as conversas.
Maduro pede respeito aos resultados
O chavismo se saiu melhor nas urnas do que em 2017, quando venceu em 18 estados e em Caracas. Após tomar conhecimento dos resultados deste domingo, Maduro pediu que eles sejam respeitados e celebrou a vitória de seu partido.
“Meu chamado a todos, ganhadores e não ganhadores, é para respeitar os resultados, para o diálogo político e para a reunificação nacional“, disse Maduro.
Para o presidente, a vitória do PSUV foi possível graças à “perseverança” e “retidão” de sua militância.
“Aqui está, para toda a Venezuela, este é o mapa político do nosso país“, disse Diosdado Cabello, o número dois do chavismo, mostrando um mapa do país repleto de vermelho, com exceção dos três estados conquistados pela oposição. Esse resultado garantirá “a paz e a tranquilidade“, afirmou.