Bolsonaro volta a criticar distribuição gratuita de absorventes: ‘Só menstruam no meu governo’. Presidente também 'anunciou' que o Brasil deve registrar novos aumentos de preços nos próximos dias: ‘Pode me culpar a vontade’
Aos apoiadores no cercadinho do Alvorada nesta quinta-feira 25, Jair Bolsonaro voltou a criticar a distribuição gratuita de absorventes a pessoas de baixa renda, aprovada no Congresso Federal, mas vetada por ele no último mês. Para ele, a proposta seria um ataque político ao seu governo.
“Quantas vezes eu veto e o pessoal desce a lenha? É igual Modess [tradicional marca de absorvente], lembram do Modess? Bacana né, não sabia que a mulher começou a menstruar no meu governo. No governo do PT não menstruava, no PSDB não menstruava também”, disse visivelmente irritado.
“O cara apresenta um projeto e não apresenta fonte de recurso. Se eu sanciono e não tiver de onde vem o recurso é crime de responsabilidade. ‘Ele é contra a mulher que menstrua’ e o pessoal desce o cacete. Se o PT voltar, as mulheres vão voltar a menstruar e tá tudo resolvido”, acrescentou, subindo ainda mais o tom de voz.
As declarações parecem ter iniciado um rompante de irritação. Bolsonaro interrompeu a tradicional ‘sessão de fotos’ com os eleitores e passou a dar recados quase em um monólogo, bem diferente do habitual ‘perguntas e respostas’ que faz com apoiadores.
Nas declarações, disse ainda que mais consequências da pandemia na Economia virão e deu a entender que um novo aumento de preços será sentido pela população brasileira nos próximos dias.
“Temos mais um problema pela frente: as consequências do ‘fique em casa, a economia a gente vê depois’. Vai vir mais coisa ruim por aí. Pode me culpar a vontade, não tem problema nenhum. Prefeito fecha, governador fecha e eu sou o responsável”, disse irritado.
Ainda com a voz alterada, usou as suas políticas armamentistas para defender um suposto ‘sucesso’ do seu governo. Segundo o presidente, quem o critica por reduzir impostos de armas e não baixar o preço dos alimentos estaria errado.
“Quando eu falo em armamento, reduzir o imposto de importação de armas, [falam] ‘eu não como armas’. Ora, então já que você come feijão, se um dia entrar um cara na tua casa, você pega seu estilingue e dá um tiro de feijão no cara. Sem problemas nenhum”, repetindo uma frase de efeito dita semanas atrás no cercadinho.
“[Pessoal fala] Tá ruim, ‘aumentou o gás’. Aumentou sim, custa 50 reais o botijão de gás, tá pagando 130 reais, então procure saber quem tá levando os 80 reais”, cobrou dos apoiadores.
Em outro trecho, atacou artistas brasileiros por supostamente apoiarem Lula (PT) em 2022.
“Os artistas todos vão estar com o PT no ano que vem. Eu acabei com a mamata deles. Agora eu vou dar bronca aqui. Vocês sabiam que esses caras podiam pegar até 60 milhões de reais por ano na Lei Rouanet? Pegava um empresário e em vez de pagar imposto, pegava aquele dinheiro e dava pro artista”, afirmou Bolsonaro aos apoiadores.
Em seguida, o presidente continuou com os ataques ao PT, dessa vez mirando em Fernando Haddad, pré-candidato ao governo de São Paulo.
“12 anos de Haddad no Ministério da Educação e queria que formasse o que a não ser militante. Gritam ‘Lula Livre’, ‘Che Guevara’, que matou negro…negro, não…matou gay, matou o pessoal que era líder das igrejas de matriz africana, etc. Isso que ele fez lá”, afirmou Bolsonaro.
“Falam que Cuba tem saúde de primeira…olha o boi na fazenda também tem saúde de primeira e tem mais liberdade que o povo de Cuba. E o cara defende o regime cubano”, complementou.
O ex-capitão também forneceu supostas explicações para um insucesso econômico da Venezuela. Segundo disse, o problema do país vizinho seria o grande número de ‘benefícios sociais’ fornecidos pelo governo à população.
Por fim, Bolsonaro ainda lamentou as críticas que têm recebido pela má gestão no governo federal. “Tudo o que eu faço, vou juntando inimigos. […] Pra mim é muito mais fácil tá do outro lado”, concluiu.
via CartaCapital