Racismo não

Jovem branco que assassinou manifestantes antirracismo é inocentado nos EUA

Share

Júri dos EUA considerou o jovem de 18 anos inocente de todas as acusações: duas de homicídio, uma de tentativa de homicídio e duas de colocar em risco a segurança durante protestos por justiça racial. Terceira vítima não morreu, mas teve um pedaço do braço arrancado pelo projétil. Veredicto foi celebrado por armamentistas

Kyle Rittenhouse

Um júri dos Estados Unidos absolveu o adolescente norte-americano Kyle Rittenhouse, nesta sexta-feira, da acusação de homicídio pela morte a tiros de dois homens, em um julgamento que destacou divisões sobre direitos de armas e provocou um debate feroz sobre os limites da autodefesa no país.

O júri considerou Rittenhouse, de 18 anos, inocente de todas as acusações: duas acusações de homicídio, uma de tentativa de homicídio de um terceiro homem e duas de colocar em risco a segurança durante protestos por justiça racial que foram marcados por atos de vandalismo em 25 de agosto de 2020, em Kenosha, no Wisconsin.

Rittenhouse chorou após o veredicto e desabou no chão antes de ser ajudado a voltar para sua cadeira.

Em meio a uma pesada presença de forças da segurança, várias dezenas de manifestantes ocuparam as escadas do lado de fora do tribunal após a leitura do veredicto, alguns carregando cartazes em apoio ao Rittenhouse e outros expressando desapontamento.

SAIBA MAIS: “Ele era uma das pessoas mais incríveis”, diz namorada de manifestante executado

“Estamos todos tão felizes que Kyle pode viver sua vida como um homem livre e inocente, mas em toda esta situação não há vencedores, há duas pessoas que perderam suas vidas e isso não será esquecido”, disse David Hancock, porta-voz da família Rittenhouse, à Reuters.

Rittenhouse atirou e matou Joseph Rosenbaum, de 36 anos, e Anthony Huber, de 26 anos, e disparou uma outra bala que arrancou um pedaço do braço de Gaige Grosskreutz, de 28 anos. Rittenhouse alegou autodefesa.

O veredicto foi celebrado pelos defensores dos direitos a armas, mas criticado por muitos do campo político de esquerda.

“É sem sentido que nosso sistema de Justiça permita que um vigilante armado… saia livre”, disse a bancada negra do Congresso em um comunicado.

Para chegar ao veredicto após mais de três dias de deliberações, o júri ouviu narrativas conflitantes da defesa e da acusação, que ofereceram retratos muito diferentes das ações do adolescente na noite das mortes.

A defesa argumentou que Rittenhouse tinha sido repetidamente atacado e atirou com medo de perder sua própria vida. Advogados disseram que ele é um adolescente de espírito cívico que estava em Kenosha para proteger a propriedade privada, após várias noites de agitação na cidade depois que a polícia atirou em um homem negro chamado Jacob Blake, que ficou paralisado da cintura para baixo.

A acusação retratou Rittenhouse como um jovem imprudente que provocou os encontros violentos e não mostrou remorso pelos homens que ele matou com seu fuzil estilo AR-15.

Transmitido ao vivo pela TV a cabo diariamente, o julgamento se desenrolou durante um período de polarização social e política nos Estados Unidos. Os direitos sobre as armas são valorizados por muitos norte-americanos e estão consagrados na Constituição, apesar de o país enfrentar um alto índice de violência armada.

VEJA TAMBÉM: Quem é o supremacista branco que abriu fogo contra manifestantes nos EUA

Rittenhouse, que disse em depoimento que não tinha escolha a não ser abrir fogo para se proteger, é visto como herói por alguns conservadores que defendem amplos direitos sobre armas e consideram os disparos dele justificados. Muitos na esquerda veem Rittenhouse como a personificação de uma cultura de armas fora de controle no país.

Reuters