“Fiquei incrédula quando percebi”. À administradora do prédio, a jovem argumentou que apologia ao nazismo é crime e disse que se sentiu ofendida por ser uma pessoa negra
Uma jovem negra teve uma suástica nazista desenhada na parede ao lado da porta do apartamento onde mora, em Bauru, no interior de São Paulo. Ela registrou boletim de ocorrência.
Raquel Euzébio Oliveira, de 22 anos, relatou que no dia 8 de novembro estava indo à feira com uma amiga quando notou o desenho, o qual parecia ter sido feito com uma chave.
“Quando eu olhei de perto, vi que não era riscado com caneta mas, sim, com uma chave. Fiquei incrédula quando percebi”, afirmou ao portal G1.
Segundo ela, o porteiro foi informado do caso. Ele pediu que ela mandasse fotos para que fossem encaminhadas ao zelador e à síndica do condomínio. Raquel, preocupada, contatou a síndica diretamente no dia seguinte.
“Quando levei a síndica para ver a suástica, aleguei o quão perigoso e alarmante é, primeiro porque não quero pagar um condomínio com pessoas que compactuam com esse tipo de ideia”, contou.
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À administradora do prédio, a jovem argumentou que apologia ao nazismo é crime e disse que se sentiu ofendida por ser uma pessoa negra, já que o nazismo é uma ideologia que também prega a perseguição e a discriminação dessa população.
Raquel diz que não sabe quando a suástica foi desenhada, já que o risco era mais discreto do que se tivesse sido feito à tinta, com uma caneta, por exemplo. No entanto, por conta da altura do desenho, ela pensa que não pode ter sido feito por uma criança.
“Por conta da altura em que o risco estava, é provável que tenha sido feito por um adolescente ou uma pessoa adulta”, pontua.
Dois dias após descobrir o desenho, em 10 de novembro, Raquel registrou um boletim de ocorrência online em que se queixa da suástica desenhada. Ela informou a síndica e a administradora do condomínio.
“Eu solicitei à síndica que abrisse um B.O pelo WhatsApp, assim como eu já havia feito. Mas, ela aparentemente não iria fazer isso pelas respostas que recebi. Também enviei o B.O para a administradora do condomínio mas não me responderam”, revelou.
No dia seguinte, a jovem encontrou a parede pintada. Dessa forma, abriu um adendo ao B.O.
“Fui ao 4º Departamento de Polícia de Bauru e abri um adendo ao B.O, ou seja, adicionei uma segunda causa ao ocorrido, alegando obstrução de prova que também é contra à lei”, disse.
Na sexta-feira (12), o condomínio soltou uma “nota de repúdio” e colocou no elevador do prédio na qual constata e confirma o caso, dizendo ser um símbolo ofensivo e um ato de desrespeito com os demais moradores.
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Raquel disse que entrou com uma ação judicial contra a síndica e contra a administradora do condomínio na sexta-feira (19).
“É obrigação do condomínio ter responsabilidade sobre o que acontece no local, mas negligenciaram os e-mails enviados”.
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