Macron recebe Lula em Paris, com protocolos de chefe de Estado
'Na pauta, urgência climática e questões globais como fome e pobreza', declarou o petista sobre o encontro; presidente francês é desafeto de Bolsonaro
O presidente da França, Emmanuel Macron, recebeu nesta quarta-feira (17) o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na residência oficial do governo francês, o Palácio do Eliseu, em Paris, com protocolo reservado a chefes de Estado.
“Na pauta, a urgência climática e questões globais como a fome e a pobreza“, declarou Lula no Twitter sobre o encontro com o líder francês, afirmando que “também conversamos sobre o futuro da União Europeia e a integração com a América Latina“.
O encontro acontece em um momento em que a relação do Brasil com a França está abalada. Isso porque, mesmo antes de Jair Bolsonaro assumir a presidência, em 2018, Macron alertou que não haveria acordo comercial entre União Europeia e Mercosul sem um compromisso ambiental por parte do Brasil.
Para piorar, em 2019, Bolsonaro reagiu a uma mensagem de um apoiador nas redes, que zombava da aparência física da primeira-dama francesa, Brigitte Macron. “Eu penso que as mulheres brasileiras têm, sem dúvida, vergonha de ler isso de seu presidente”, declarou o francês na ocasião.
Em outro momento, em Brasília, o presidente brasileiro cancelou de última hora um encontro com o chefe da diplomacia francesa para ir ao barbeiro, local onde fez uma live cortando o cabelo.
Em janeiro deste ano, depois que Macron publicou no Twitter que “continuar a depender da soja brasileira seria endossar o desmatamento da Amazônia”, Bolsonaro afirmou que o francês “não conhece nem seu país, fica dando pitaco aqui no Brasil. Essa é a politicalha deles”, em transmissão ao vivo no Facebook.
Ainda sobre o encontro desta quarta com Macron, Lula escreveu no Twitter que “os líderes mundiais precisam sentar à mesa para dialogar e enfrentar esses desafios com uma governança global“.
“Dividimos preocupações como o avanço da extrema direita pelo mundo e as ameaças à democracia e aos direitos humanos. Agradeço pela cordial recepção“, disse o petista.
Mais cedo, Lula havia publicado que está viajando “para dizer ao mundo que o que o Brasil tem de melhor é o povo brasileiro” e que o país “não se resume a seu atual governante’‘.
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“Essa é a razão da minha viagem. Recuperar a confiança no Brasil”, destacou o petista, que cumpre uma série de compromissos no continente europeu desde a última quinta-feira (11), iniciando por Berlim, na Alemanha, onde se reuniu, no dia seguinte, por mais de uma hora com Olaf Scholz, provável futuro chanceler alemão.
Na segunda-feira, em Bruxelas, na Bélgica, o ex-presidente brasileiro discursou no Parlamento Europeu. Ao falar na Conferência de Alto Nível da América Latina, o Lula disse que o Brasil vive uma “tragédia sem precedentes” desde que Bolsonaro chegou ao poder, listando uma série de condutas que chamou de “atitude criminosa” do governo durante a pandemia do novo coronavírus.
Já na França, nesta terça-feira (16), Lula almoçou com a prefeita parisiense Anne Hidalgo e discursou à noite no Instituto de Estudos Políticos de Paris, dez anos após receber o título de Doutor Honoris Causa da instituição.
O tour do ex-presidente pela Europa conta ainda com uma passagem pela Espanha, onde participará de uma conferência e se reunirá com lideranças políticas.