Direita

Polícia Civil de SP investiga grupo por apologia ao nazismo

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Integrantes usam redes sociais para exaltar Hitler, propagar mensagens de ódio contra judeus e montagens de fotos para criar a imagem de ‘nazistas do bem’

Arthur Stabile, Ponte

A Polícia Civil de São Paulo investiga um grupo por fazer apologia ao nazismo. Nas redes sociais, integrantes publicavam mensagens exaltando Adolf Hitler, ditador que comandou a Alemanha na Segunda Guerra Mundial, propagou o ódio contra judeus e assassinou milhões em campos de concentração.

Através do Twitter, o policial civil do Rio Grande do Sul Leonel Radde denunciou a existência do coletivo, chamado de Misanthropic Division. Em uma das imagens, há um logo com duas armas AK-47 e caveiras em volta do nome.

Na foto aparecem Paula Carina Caputo Gomes, que usa o nome de Paula Diamond, e Fernando Paes Cândido, conhecido como Nandão. Eles divulgavam em suas redes sociais imagens ao lado da bandeira nazista e com um quadro de Hitler.

Nandão aparece em outra foto com uma bandana com uma suástica símbolo usado pelos soldados alemães e que acabou virando uma representação do nazismo até os dias de hoje.

Em publicação, Paula comemora “niver importante” no aniversário de Hitler (Imagem: reprodução)

Recebi de uma pessoa que tinha medo de denunciar. Essas pessoas perseguiram quem os delatava e eu fiz a publicação”, explica Radde à Ponte. “Acionei policiais conhecidos em São Paulo e Santa Catarina”, detalha.

A Ponte teve acesso a origem da denúncia. Segundo quem acompanhou a organização, as postagens são feitas em uma página chamada Misanthropic Division e comungam de ideais segregacionistas. Na tarde do dia 1º de maio, havia 135 assinantes da página

Nandão exalta símbolos nazistas em suas redes sociais (Imagem: reprodução)

É um grupo nazista que surgiu na Ucrânia e recruta gente mundialmente”, explica a pessoa, que teme sofrer represálias e por isso não será identificada. “Aquela Paula, a que foi a principal da postagem, tem um perfil nessa rede social russa aí, aparentemente é bem conhecida entre os nazi”, prossegue.

Em 2017, Paula publicou uma foto com a bandeira de Israel pegando fogo e a frase: “Saúdo a liberdade”.

Imagem divulgada por Paula com bandeira de Israel incendiada (Imagem: reprodução)

Além de Paula e Fernando, há outras pessoas que compartilham suas publicações, como Kleber Hammos e Isaque Adriano Coutinho. Kleber é comentarista assíduo de publicações de Paula e tem predileção em compartilhar montagens de fotos de “nazistas do bem”, tentando construir uma narrativa de manipulação da história.

Publicação em que integrante “desmente” fotos de nazistas na guerra (Imagem: reprodução)

Isaque preferiu atacar a vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco, assassinada em março de 2018. “Marielle Franco é heroína de bandido, está na mesma prateleira de Che Guevara, Tiradentes, Lampião, etc, todos heróis de bandidos”, afirma.

Mensagem em que uma das pessoas ataca a vereadora Marielle Franco (Imagem: reprodução)

Os comentários foram feitos no perfil da banda Metal Wolves TLV no Facebook, que já estava fora do ar quando a Ponte tentou acessá-la na tarde do dia 29 de abril.

O perfil de Paula na página aponta que ela é integrante da Metal Wolves, faz parte da Fimbulvinter Productions e organiza o festival ThorHammerFest. Na rede social LinkedIn, ela aponta trabalhar na empresa TMG.

Em uma postagem no Twitter, um seguidor que viu a denúncia de Radde, questionou a empresa sobre as postagens. A resposta foi: “Se for falar de funcionário, sinto muito, mas nós não nos metemos na vida dos outros”.

Quando avisado pela pessoa de que “nazismo é crime e a polícia está investigando”, o perfil no WhatsApp da empresa finalizou: “Aí é problema dela, não nosso”.

A Ponte questionou a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) sobre as mensagens com apologia ao nazismo e se a Polícia Civil investigava algum de seus integrantes.

Simbolo usado pela página Misanthropic Division Brasil (Imagem: reprodução)

Em nota, a pasta explicou que sim, há uma investigação acontecendo no Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), mas que “mais detalhes não serão informados para não atrapalhar o trabalho policial”.

A reportagem tentou contatar as pessoas citadas, mas suas respectivas páginas nas redes sociais estavam fora do ar.

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