Redação Pragmatismo
Corrupção 03/Dez/2021 às 09:59 COMENTÁRIOS
Corrupção

Aliado de Bolsonaro é flagrado pela PF com propina do orçamento secreto

Publicado em 03 Dez, 2021 às 09h59

Deputado amigo do presidente Jair Bolsonaro e companheiro de partido é flagrado pela Polícia Federal com dinheiro de propina do orçamento secreto

Aliado Bolsonaro flagrado PF propina orçamento secreto tira maços de dinheiro de dentro de uma caixa
Josimar de Maranhãozinho, deputado bolsonarista e um dos homens fortes do PL tira maços de dinheiro de uma caixa

Breno Pires, Agência Estado

A Polícia Federal cumpriu nesta quarta-feira, 1º, mandados de busca e apreensão em quatro municípios do Maranhão, em investigação sobre desvio de verbas de prefeituras relacionadas a emendas parlamentares. O alvo é o deputado federal Josimar Maranhãozinho (PL-MA).

A autorização partiu da ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal, que também é relatora de ações que pedem o fim das emendas de relator-geral, base do orçamento secreto, esquema revelado pelo Estadão em maio.

Saiba mais: Por 6 X 0, STF forma maioria contra orçamento secreto, e governo perde disputa

Segundo o Estadão apurou, os mandados estão sendo cumpridos nos municípios de Zé Doca, Maranhãozinho, Carutapera e na capital do Estado, São Luís. A prefeita de Zé Doca, Josinha Cunha, é irmã do deputado federal Josimar Maranhãozinho. O caso tramita sob sigilo.

De acordo com investigações da PF, a relação de parentesco e ligações pessoais de Maranhãozinho com prefeitos e secretários municipais fazem parte do modus operandi para desvio de dinheiro em áreas como saúde e infraestrutura. A operação de hoje, segundo pessoas envolvidas com o caso, está relacionada à infraestrutura.

Há pelo menos dois inquéritos sigilosos abertos no Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar o esquema, batizado de “feirão das emendas” por deputados e assessores. A suspeita é de que parlamentares cobram comissão para indicar recursos do Orçamento a uma determinada prefeitura. O dinheiro seria pago por empresas interessadas nas obras e serviços ou pelo próprio agente público.

No caso de Maranhãozinho, ele já havia sido alvo da Operação Descalabro, deflagrada em dezembro. Na ocasião, a PF apontou que ele indicou um total de R$ 15 milhões em emendas para fundos de saúde controlados por prefeituras maranhenses, que, por sua vez, firmaram contratos fictícios com empresas de fachada em nome de laranjas. O destinatário final do dinheiro, de acordo com a investigação, seria o próprio deputado.

Posteriormente essas empresas efetuaram saques em espécie e o dinheiro era entregue ao deputado, no seu escritório regional parlamentar em São Luís”, afirma relatório da PF sobre a operação de dezembro.

Como desdobramento da Operação Descalabro, um novo inquérito foi aberto, em maio. Desta vez, além de Maranhãozinho, mais dois deputados e um senador são alvo. Os nomes dos outros parlamentares não foram revelados.

Em uma das investigações, a PF encontrou papéis com nomes de parlamentares e menções a possíveis pagamentos de propina pela destinação de emendas parlamentares. O caso teve origem em denúncia feita pelo ex-prefeito de São José de Ribamar (MA), Eudes Sampaio, que se disse ameaçado por agiotas que buscavam obter porcentuais de recursos transferidos para a prefeitura.

CGU também investiga

Em outubro, o ministro da Controladoria-Geral da União, Wagner Rosário, admitiu, em audiência na Câmara, “não ter dúvida” de que há corrupção envolvendo recursos federais indicados por parlamentares via emendas. Ao ser questionado sobre o orçamento secreto, esquema montado pelo governo de Jair Bolsonaro para aumentar sua base eleitoral no Congresso, Rosário afirmou que sua pasta e a PF investigavam a venda de emendas e que, “em breve”, deveria haver novidades.

A ação da Polícia Federal ocorre um dia depois de o presidente Jair Bolsonaro se filiar ao partido de Maranhãozinho, o PL. O deputado tem relação próxima com o presidente nacional do partido, Valdemar Costa Neto, condenado pelo esquema do mensalão, quando fazia parte de base aliada do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

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Procurada, a defesa de Maranhãozinho disse que não se manifestaria porque não teve acesso à decisão que autorizou a operação de hoje.

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