Partido retorna ao patamar anterior aos protestos de junho de 2013 e à Lava Jato. O PT é o partido preferido dos brasileiros desde 1999. A série histórica sobre preferência partidária teve sua primeira pesquisa em 1989
A última pesquisa Datafolha revelou que o PT vive seu melhor momento desde 2013 em termos de preferência partidária, com 28% dos entrevistados afirmando preferir o partido, percentual muito acima do registrado pelos vice-líderes PSDB e MDB, que marcam 2% cada. PDT e PSOL têm 1% cada e os demais partidos não pontuaram. As informações foram divulgadas pela Folha de S.Paulo.
O PT é a legenda preferida dos brasileiros desde 1999 e, agora, se aproxima do pico de apoio, alcançado em abril de 2012, durante o primeiro mandato da presidenta Dilma Rousseff. Na ocasião, a preferência pela legenda chegava a 31%.
Os anos seguintes reservaram um baque. Em 2013, semanas após os protestos de junho, o índice chegou a apenas 19%. Em março de 2015, veio o pior resultado: 9%. A sigla se recuperou parcialmente em abril de 2017, já sob o governo de Michel Temer, anotando 15%. Depois, chegou à faixa dos 20% e se manteve nela, com pequenas variações.
Agora, o avanço do apoio ao PT ocorre simultaneamente à folgada liderança do ex-presidente Lula no Datafolha para a corrida ao Palácio do Planalto em 2022. O petista tem 48% das intenções de voto no 1º turno e é considerado por 51% o o melhor presidente do País.
O Datafolha também mostrou que, se a eleição acontecesse hoje, Lula bateria qualquer adversário no 2º turno por no mínimo 26 pontos.
A pesquisa foi realizada entre 13 e 16 de dezembro com 3.666 pessoas, em 191 cidades. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou menos.
Série histórica
O Datafolha realiza pesquisas sobre preferência partidária desde 1989. Na série histórica, a maior parcela da população sempre declarou não ter especial simpatia por nenhuma sigla. Nesta última sondagem, porém, houve queda nesse grupo. Passou de 61%, em setembro, para 54% agora.
A série histórica também traz algumas curiosidades. Na primeira década, o PMDB, hoje MDB, era o partido preferido do brasileiro. Chegou a marcar 19% em dezembro de 1992, mantendo sempre vantagem numérica, ou ao menos empate, com o PT.
No mesmo período de tempo, o PFL, hoje DEM, apresentava desempenho bem mais expressivo, como os 9% registrados em setembro de 1997. A virada dos anos 2000, contudo, marcou a definitiva ascensão do PT e a desidratação dessas duas siglas.
O PSDB, em geral o segundo partido partido da preferência nacional, empatado com o MDB, nunca chegou a ultrapassar a barreira dos 10%, nem mesmo no governo de FHC. Em junho de 2015, num dos principais momentos de desgaste do PT, foi a 9%. Nos últimos três anos, não passou de 4%.
Fato curioso também ocorreu com o PSL. Partido nanico, até junho de 2018 nunca havia pontuado nas pesquisas do Datafolha, com a grande maioria das legendas nacionais. No entanto, Jair Bolsonaro naquele ano filiou-se ao PSL para disputar a Presidência.
A onda bolsonarista teve efeito impressionante também na preferência partidária. Com o início da campanha eleitoral, o PSL passou a 1% no final de agosto daquele ano, 3% em setembro e 7% em outubro, tomando o segundo lugar da lista do PSDB e do MDB.
A partir de 2019, porém, a maré começou a refluir. Bolsonaro entrou em desavença com a sigla e se desfilou em novembro daquele ano. No mês seguinte, o PSL marcou 2%. Em julho deste ano, tinha 1%. Nas duas últimas pesquisas, nem pontuou.