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Jovem que ameaçou diretores da Anvisa anexou vídeo executando seu próprio cachorro

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Diretores da Anvisa receberam mais de 170 ameaças após serem expostos pelo presidente Bolsonaro e seus apoiadores por conta da vacinação infantil. Morador do Rio Grande do Sul, um dos agressores faz apologia ao nazismo e debocha de Alexandre de Moraes e da PF

A Polícia Civil e a Polícia Federal investigam um jovem de 17 anos, morador da cidade gaúcha de Lindolfo Collor, por ter enviado ameaças aos diretores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na última segunda-feira (27/12).

Os funcionários da Anvisa já receberam oficialmente 176 ameaças após recomendarem a vacinação contra a Covid-19 em crianças de 5 a 11 anos. Eles foram expostos nas redes sociais pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus apoiadores, que rejeitam a imunização. Bolsonaro pediu publicamente a lista com os nomes dos técnicos que tomaram a decisão em favor da vacinação infantil.

O jovem de 17 anos investigado pela PF foi apreendido pelas autoridades por conta do vídeo em que mata o seu próprio cachorro. Antes de morrer, o animal foi torturado com uma faca e um martelo. As imagens bárbaras foram anexadas em um e-mail endereçado aos diretores da Anvisa. “O apocalipse se aproxima. Confiram o que foi feito com o meu cachorro no vídeo do link”, escreve o autor da ameaça.

Após o episódio da morte do cachorro, o jovem foi internado em um centro de atendimento socioeducativo da Fundação de Assistência Social e Comunitária (Fase), no Vale do Sinos. As autoridades informaram que ele integra um grupo fechado de extrema-direita nas redes.

No e-mail enviado aos funcionários da Anvisa, o jovem ainda diz que “os senhores vão pagar caro” e é feita a ameaça de “purificar a terra onde a Anvisa está instalada usando combustível abençoado”. Os dados pessoais do jovem, como nome e CPF, também estariam no conteúdo da mensagem.

Antes de se despedir com uma saudação nazista, o autor do texto afirma não temer os agentes da Polícia Federal: “estarei muito longe quando o ministro Xandão (Alexandre de Moraes) mandar os vagabundos parasitas da PF (Polícia Federal) aqui pra casa”.

Na última semana, o ministro Alexandre de Moraes deu ao presidente Bolsonaro um prazo de 48 horas para explicar suposta intimidação contra servidores da Anvisa que aprovaram a aplicação da vacina contra a Covid-19 da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos. O ministro também solicitou que a agência enviasse ao Supremo as mensagens com ameaças, o que foi feito. A análise está sendo realizada por Moraes no âmbito de um requerimento protocolado pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).