O esforço da Globo para provar que Moro não usa sapatos de R$ 7 mil
No caso dos sapatos, o certo seria Moro finalmente admitir que Lula não era o dono do tríplex, como ele afirmava, para que possamos acreditar que ele não usa sapatos de R$ 7 mil
Moisés Mendes*, em seu blog
O Globo se apegou à história da noivinha do Aristides para dizer que as esquerdas também espalham fake news. E defendeu em texto no domingo, com muito esforço, que Sergio Moro não usa sapatos caros nem alugou uma casa de R$ 50 mil mensais em Washington.
Seriam, segundo o Globo, casos de fake news disseminadas pelos inimigos do bolsonarismo e do lavajatismo.
O caso da novinha do Aristides foi tratado como esculacho desde que saiu nas redes. Mas até hoje me pergunto se essa história está de fato bem contada.
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O que o Globo, a Folha e o Estado acham, quando falam de fake news, é que as esquerdas devem tratar o bolsonarismo a pão de ló, enquanto são atacadas com mentiras.
Claro que ninguém quer uma guerra de fake news e que notícias falsas voltam como bumerangues. Mas será possível enfrentar o bolsonarismo com cordialidade?
As esquerdas não têm o direito de esculachar com Bolsonaro e Moro, como tática de defesa? A noivinha do Aristides não era uma notícia, era uma piada.
No caso dos sapatos, o certo seria Moro finalmente admitir que Lula não era o dono do tríplex, como ele afirmava, para que possamos acreditar que ele não usa sapatos de R$ 7 mil.
Sempre lembrando que, por causa do tríplex que não era dele, Lula acabou preso por Moro. E que Moro, com ou sem sapatos de R$ 7 mil, prendeu Lula, ajudou a eleger Bolsonaro e foi depois trabalhar para Bolsonaro.
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Mais adiante, recebeu salário milionário de uma consultoria que socorria empresas que ele mesmo, o juiz suspeito, ajudou a quebrar na Lava-Jato.
Moro não conseguiu provar que Lula era dono do tríplex, mas qualquer um prova que ele foi um subalterno de Bolsonaro, mandado embora por não cumprir com a missão que recebeu, por incompetência ou por medo.
A história do sapato é um detalhe.
O que é um sapato de grife perto da bilionária fundação tabajara de R$ 2,5 bilhões, que Deltan Dallagnol pretendia criar com dinheiro de Petrobras, enquanto trabalhava para Moro, que nunca disse nada sobre esse rolo?
A fundação não era fake news, mas o ex-juiz suspeito nunca desconfiou de nada? O Ministério Público agiu porque sabia que não era fake, e o Supremo também. Mas a grande imprensa sempre tratou a fundação de Dallagnol só nos cantinhos.
Assim como trata nos cantinhos os investimentos de Dallagnol em imóveis. A imprensa preocupada com a namoradinha do Pimentel preserva os informantes da Lava-Jato, porque a conta ainda não foi paga.
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A Globo deve a Moro o vazamento criminoso da conversa de Lula com Dilma e deve estar com parcelas a pagar dos muitos vazamentos que informantes de dentro da Lava-Jato fizeram aos seus jornalistas.
*Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre. Foi colunista e editor especial de Zero Hora. Escreve também para os jornais Extra Classe, Jornalistas pela Democracia e Brasil 247. É autor do livro de crônicas ‘Todos querem ser Mujica’ (Editora Diadorim).
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