Após tentar comprar os programas ‘Pegasus’ e ‘Sherlock’, gabinete do ódio quer adquirir nova ferramenta espiã ‘DarkMatter’ para usar na eleição de 2022. Emissário de Carlos Bolsonaro encontrou representante da empresa em Dubai. Sistema é capaz de invadir computadores e celulares, inclusive quando os aparelhos estão desligados
Integrantes do chamado gabinete do ódio, grupo ligado a Carlos Bolsonaro que seria responsável por produzir notícias falsas e promover ataques a adversários do presidente, usou a viagem oficial de Jair Bolsonaro a Dubai para negociar o programa espião DarkMatter. A negociação foi revelada pelos repórteres Jamil Chade e Lucas Valença, do site UOL nesta segunda-feira 17.
De acordo com o relato publicado no site, um integrante do gabinete, que estava na comitiva oficial, negociou diretamente com os israelenses a aquisição da ferramenta para ser usada durante a campanha eleitoral. Israel também teria feito negociações com líderes da extrema-direita da Polônia e de Varsóvia durante a Dubai AirShow, evento que contou com a presença de Bolsonaro e seus aliados.
O caso foi revelado ao site por uma fonte ligada à inteligência do governo, que não informou o nome do integrante do gabinete do ódio responsável pela conversa em uma sala reservada a Israel. O responsável pela negociação, segundo o site, seria um perito em inteligência e contrainteligência do governo federal próximo a Carlos Bolsonaro.
A ferramenta negociada pelo grupo é vendida por Israel e foi criada por um grupo de hackers vinculados ao exército local. A empresa tem sede em Abu Dhabi e conta com o sistema capaz de invadir computadores e celulares, inclusive quando os aparelhos estão desligados.
De acordo com a reportagem, a negociação para a compra do programa DarkMatter ainda não foi finalizada. Fontes do Gabinete de Segurança Institucional e da Agência Brasileira de Inteligência também garantiram que, além da DarkMatter, o grupo ainda busca outra ferramenta da empresa Polus Tech, ligada ao NSO Group, que vende o famoso programa espião Pegasus.
Essa é a terceira tentativa de compra de um programa espião pelo grupo ligado a Carlos Bolsonaro. Em 2020 e 2021, o grupo já havia negociado os programas israelenses Pegasus e Sherlock, capazes de invadir celulares e computadores sem serem notados. A compra do Pegasus chegou a ser licitada pelo governo, mas a negociação foi frustrada pela atuação do Tribunal de Contas da União.
Os programas negociados pelo gabinete do ódio estão fortemente vinculados a crimes internacionais e ataques contra os direitos humanos de civis, jornalistas, políticos e ativistas ao redor do mundo. A ferramenta Pegasus, em especial, vem sendo proibida em diversos países, como, por exemplo, os Estados Unidos. No Brasil, a força-tarefa da Lava Jato também tentou adquirir a ferramenta.