"Acho que eu vou morrer": Empresário revela os últimos momentos de Elza Soares
Elza faleceu cerca de 40 minutos após a fala. "Foi uma morte tranquila, sem traumas, sem motivo". Cantora estava bem de saúde, em um dos melhores momentos da carreira e gravou novo DVD há 2 dias. Última canção que ela cantou em vida foi 'Me deixem cantar até o fim'
O empresário de Elza Soares revelou nesta quinta-feira (20) que a cantora conseguiu se despedir dos familiares cerca de 40 minutos antes de falecer. “Eu acho que eu vou morrer”, disse a cantora, segundo Pedro Loureiro.
“Ela estava bem, gravou o DVD no dia 17 e 18 de janeiro. Acordou hoje e fez fisioterapia. Tudo normal. A gente até percebeu um leve cansaço nela, uma respiração mais ofegante, mas achamos que foi por causa da fisio”, contou.
Pedro revela que, depois desse momento, Elza pediu para descansar e começou a apresentar a fala um pouco desorientada. O que chamou a atenção dele e de outros familiares que estavam com ela.
Elza teria garantido que estava bem, mas assim que checaram sua pressão e oxigenação, notaram uma pequena alteração. Um tempo depois, a cantora dirigiu-se aos familiares e disse: “Eu acho que eu vou morrer”.
O empresário e os familiares da cantora chamaram o médico de Elza, que enviou uma ambulância para o local por precaução, mas 40 minutos depois, ela foi mudando o semblante, até que dormiu. “Foi uma morte tranquila, sem traumas, sem motivo. Morreu de causas naturais. Esse, aliás, era um grande medo dela: ter uma morte sofrida, por doença. Hoje, ela simplesmente desligou”, completa.
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O empresário conta ainda que Elza estava bem, com a saúde perfeita e que estava no melhor momento da vida dela. “Seus últimos dias foram de uma rainha. Ela gravou DVD, cantou, estava de casa nova, uma cobertura que ela comprou. Estava super feliz, super bem e morreu no auge de seus 70 anos de carreira. Com tudo que ela demorou uma vida inteira para conquistar”, disse. “No DVD, a última música que ela cantou, cantou em vida, foi: ‘Me deixem cantar até o fim'”, acrescenta.
Tragédias na vida de Elza Soares
Obrigada pelo pai, Elza se casou com apenas 12 anos de idade, enfrentou violência doméstica e a morte de quatro filhos. Foi do primeiro marido, Lourdes Antônio Soares, que a cantora herdou o sobrenome que levou até o fim da vida.
Pouco tempo depois do casamento, aos 13, Elza engravidou do primeiro filho — ela teve oito, ao todo. A união durou menos de uma década e, aos 21, a artista já era viúva.
“Eu soltava pipa, jogava bola de gude, com filho no colo. Pegava balão, corria muito, brincava com eles. Foi assim que foi a minha vida. Era criança e mãe”, disse a cantora à BBC em 2018.
Elza, ainda adolescente, perdeu os dois primeiros filhos devido à fome. Em 1986, a artista perdeu Garrinchinha, seu único filho com Garrincha, que tinha apenas 9 anos. O menino foi vítima em um acidente de carro.
A tragédia fez com que a cantora entrasse em depressão e tentasse suicídio. Ela decidiu sair do país e só retornou após quatro anos. Em 2015, Elza perdeu Gilson, aos 59 anos. O filho da cantora teve complicações após uma infecção urinária.
Elza teve a filha Dilma recém-nascida sequestrada pelo casal que cuidava dela em 1950. Mesmo sem nunca deixar de procurar a filha, só a reencontrou quando ela já era uma mulher adulta.
Em 1969, Rosária Maria da Conceição, mãe de Elza, morreu em um acidente na rodovia Presidente Dutra, que liga as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. Na ocasião, Garrincha dirigia bêbado quando o veículo bateu na traseira de um caminhão, arremessando Rosária para fora do carro.
Filha de uma lavadeira e de um operário, ela foi criada na favela de Água Santa, subúrbio de Engenho de Dentro. Elza cantava, desde criança, com a voz rouca e o ritmo sincopado dos sambistas de morro. Ela se tornou uma das maiores artistas da música brasileira em todos os tempos.