Rodado há 50 anos, produção de Hollywood ‘No mundo de 2020’ volta à tona após acertar diversas previsões ousadas sobre a sociedade atual
Há 50 anos a produção de Hollywood ‘No mundo de 2020’ fazia previsões ousadas. No filme, um planeta superpovoado passa por mudanças climáticas e catástrofes, e a população amarga condições econômicas difíceis, quando itens essenciais como legumes e verduras custam caro.
Diversos filmes tentaram enxergar o futuro e a maioria não fez um trabalho muito bom. Mas ‘No Mundo de 2020’, lançado em 1973 e baseado no romance de Harry Harrison, foi perspicaz de um jeito assustador.
Confira alguns detalhes sobre o filme, que está disponível no serviço da Apple TV:
1. No filme, o consumo excessivo de alimentos fez com que alguns produtos ficassem escassos, e consequentemente muito mais caros. Em função disso, as pessoas passaram a substituir comidas frescas, como alface e tomate, por pílulas nutricionais. A carne, por sua vez, era item de luxo, consumida por pequena parcela da população. Assim, a população passou a ficar ‘refém’ de alimentos da corporação Soylent. Em uma cena, inclusive, um idoso descarta “um concentrado de vegetais de alta energia” dizendo ser “uma gororoba sem gosto nem cheiro”. No longa-metragem, a empresa lança um novo produto, a Soja Verde, que prometia ser um “alimento milagroso de plâncton de alta energia coletado dos oceanos do mundo”. Durante a trama o personagem principal acaba descobrindo que não é o que parece.
2. O filme apresenta uma distopia perturbadora, com a Terra devastada pelo efeito estufa, natureza em decadência, um lugar onde os rios, animais e plantas são coisas do passado, e a humanidade enfrenta a fome e falta de espaço nas grandes cidades. Há escassez de água, comida, papel, energia, saneamento. Não existe dignidade mínima de sobrevivência. Nesse cenário, apenas os ricos usufruem de luxos como sabonete e água quente, ou comer frutas e carnes.
3. As megacorporações têm poder excessivo sobre os governos. A vida boa é um luxo que apenas o 1% mais rico consegue comprar. Com direção de Richard Fleischer, o longa mostra o nosso planeta superpovoado passando por mudanças climáticas catastróficas. As megacorporações têm poder excessivo sobre os governos. A vida boa é um luxo que apenas o 1% mais rico consegue comprar.
4. Mesmo com visões mais severas, o filme acertou muito em escancarar a ganância e a desigualdade da sociedade. De certa forma, esses problemas sociais estão no âmago das principais discussões atuais. Os super ricos de 2022 estão ainda melhor na realidade do que no filme, onde parecem condenados a viver nos apartamentos do Chelsea West se quiserem ficar longe das massas. Cada porta no luxuoso bloco da torre é automatizada, o mordomo da cobertura está vestido em um rosa exuberante e o auge do glamour é uma ducha fresca. Nada das adegas privadas e dos pórticos ostentosos que você encontra hoje.
5. Videogames são a principal forma de lazer da elite do filme. Cenas mostram o luxuoso apartamento de um dos executivos da Soylent, com um aposento dedicado exclusivamente para abrigar o Computer Space.
6. No Mundo de 2020 descreve uma situação de calor intenso, onde as temperaturas nunca ficam abaixo de 32 graus. Paira no ar uma névoa semelhante às históricas névoas fatais de Londres, o que faz com que as árvores que restam sejam protegidas por tendas. No entanto, o filme não deixa claro se as mudanças climáticas são culpa das pessoas, ou de um desastre natural.
7. A Nova Iorque de 2022 retratada pelo filme é superlotada. Imagens mostram agitação nas ruas, trânsito, fumaça e milhares de pessoas. Há, inclusive, a representação de uma nova profissão, a de “empurrador profissional”, pessoa que ficava nas estações de metrô enfiando as pessoas dentro dos trens. Em uma situação caótica, faltam empregos no país norte-americano. Em certo momento, o personagem principal comenta: “Tem dois milhões de caras desempregados só em Manhattan – e só de olho no meu emprego!”. Existem semelhanças com os dias atuais. No ano passado Manhattan passou por um aumento no número de desabrigados, enquanto o governo tentava diminuir a aglomeração nos abrigos.