Tragédia

Guia de turismo narra tragédia em Capitólio: “Tira a lancha, vai cair!”

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VÍDEO: Pessoas foram lançadas pelo fluxo de água, relata bombeiro sobre tragédia em Capitólio. Guia turístico contou que lancha em que estava foi salva por questão de segundos. Marinha informou que irá abrir um inquérito para apurar as circunstâncias do acidente

Uma rocha se soltou (vídeo abaixo) de um cânion e atingiu três embarcações neste sábado (8), em Capitólio, cidade turística de Minas Gerais. O tenente Pedro Aihara, porta-voz da corporação em Minas, confirmou pelo menos duas mortes em decorrência do acidente — são dois homens, que ainda não tiveram a identidade constatada.

Outras 23 vítimas já foram atendidas e liberadas na Santa Casa de Capitólio, duas estão na Santa Casa de Piumhi (com fraturas abertas, expostas), três vítimas foram levadas para a Santa Casa de Passos (não há confirmação do estado de saúde) e outras quatro vítimas estão na Santa Casa de Misericórdia de São João da Barra (com ferimentos leves).

Ainda de acordo com o Corpo de Bombeiros, duas das três lanchadas atingidas pelas rochas afundaram. De 70 a cem pessoas estavam no local, que está isolado e fechado. Em vídeo que circula nas redes sociais, é possível ver que o impacto das pedras causa uma forte onda e atinge lanchas no local. Também há imagens de resgate das vítimas —incluindo crianças.

De acordo com Aihara, ao menos uma lancha foi diretamente atingida pela rocha que desabou. Além da perícia na região, será feita uma avaliação no local para definir se há riscos de novos rompimentos.

No fim da manhã, a Defesa Civil de Minas Gerais havia emitido um alerta para chuvas intensas na região de Capitólio com possibilidade de “cabeça d’água”. “Evite cachoeiras no período de chuvas”, diz o texto.

Pessoas lançadas

“Pessoas foram lançadas pelo fluxo de água, algumas foram resgatadas pelas embarcações nas imediações”, afirmou Aihara em entrevista à GloboNews. “Se não estivessem com o colete salva-vidas, poderiam estar em situação mais grave”.

Aihara explicou a queda da rocha. “O que agrava a situação é a forma como a rocha cai, na perpendicular. Quando tem esse tipo de ruptura, ela sai de uma forma fatiada, escorrega pela estrutura e cai de forma diagonal ou em pé”.

O porta-voz ainda classificou o fenômeno como atípico. Em entrevista à CNN, ele disse que será feita uma análise nos próximos dias para que seja avaliada alguma mudança em relação a distâncias de segurança para lanchas que fazem passeios pela região.

“O normal é que aconteça desprendimento das rochas, pelas características delas, mas que sejam menores. E geralmente quando a gente tem esses escorregamentos planares, em que a rocha sai num bloco compacto, a forma de queda não costuma ser para frente”, disse o tenente em entrevista. “Geralmente, ela cai na mesma posição. Dessa vez, a estrutura caiu como um dominó e o que atingiu as pessoas foi a parte de cima, numa trajetória perpendicular.”

Guia turístico

O guia turístico Pedro Henrique Cunha Chaves afirma que não havia aviso dos órgãos oficiais de que o paredão apresentava riscos e poderia ceder. Chaves disse que percebeu que as pedras iriam cair sobre a lancha em que estava, e pediu para o condutor tirar a embarcação rapidamente. “Eu olhei pro piloto e falei ‘tira a lancha, tira a lancha. Vai cair, tá caindo pedra’.

“Na hora, o piloto chegou a duvidar, segundo Chaves. “Ele (disse): Pedro, não vai cair. Eu falei ‘tira, por favor'”, conta.

O guia turístico lembra que, segundos depois, aconteceu a tragédia. “Ele tirou a lancha, a gente andou 500 metros pro lado, a pedra caiu e acertou outras lanchas”, descreveu, quase em prantos. Ninguém da embarcação em que ele estava se feriu. “A gente não espera. Mas a gente sabe que a natureza nos surpreende.”

VÍDEO:

Marinha abre inquérito

A Marinha informou no início da tarde de hoje que irá abrir um inquérito para apurar as circunstâncias do acidente. “A Marinha do Brasil informa que tomou conhecimento de um acidente, no fim da manhã de hoje, após deslizamento de rochedo atingir embarcações que navegavam a região dos cânions, em Capitólio-MG”, disse em nota divulgada no site oficial da instituição.

A instituição informou ainda que, após o acidente em Capitólio, a DelFurnas deslocou equipes de Busca e Salvamento para o local. Os oficiais são integrantes da Operação Verão e atuam no suporte às embarcações e no transporte de feridos para a Santa Casa de Capitólio, e no auxílio aos outros órgãos atuando no local.