ELEIÇÕES 2022

Igreja Universal afirma que quem é cristão não vota na esquerda

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A Igreja Universal, que já apoiou Lula e Dilma, divulgou uma cartilha oficial para seus fiéis afirmando que quem é cristão não pode votar em partidos de esquerda na eleição de 2022

Edir Macedo, líder da Igreja Universal, “abençoa” Bolsonaro

Um texto publicado pela Igreja Universal do Reino de Deus, nesta segunda-feira (24), diz aos fiéis que quem é cristão não pode votar em partidos de esquerda. O artigo é assinado pelo bispo Renato Cardoso e foi publicado no site oficial da instituição evangélica.

A Universal é comandada por Edir Macedo, que apoia abertamente o presidente Jair Bolsonaro (PL). Em anos anteriores, a Igreja chegou a apoiar Lula e Dilma, políticos de esquerda.

Segundo o texto, os seguidores da esquerda são os responsáveis pela polarização política porque eles se “travestem de defensores do povo” quando querem repetir “fórmulas desgastadas e ineficazes”. O texto também afirma que a esquerda apoia “regimes ditatoriais”.

Ainda segundo a publicação, os cristãos não podem votar na esquerda porque itens como família e crença seriam colocados de lado. “A esquerda prega contra o casamento convencional e incentiva a liberdade do uso de drogas”.

O texto também afirma que os esquerdistas desejam que a sociedade fique doente para que eles possam salvar o povo usando um tipo de “assistencialismo manipulador”.

“Os governantes da esquerda gostam de mentir para implantar ditaduras que vão perseguir quem é cristão. Se você se diz cristão e ainda vota na esquerda, há apenas duas possibilidades: ou você não segue realmente os ensinamentos do cristianismo, ou os segue e ainda não entendeu o que a esquerda é verdadeiramente”, diz o texto.

O pastor evangélico Henrique Vieira rebateu o texto nas redes sociais. “A bancada evangélica é em sua imensa maioria contrária aos interesses do povo, e por isso automaticamente contrária aos direitos do Cristo, do Evangelho de Jesus. Ela se alinha à bancada da bala, à bancada do agronegócio, faz uma política fisiológica, populista e voltada para os seus próprios interesses. Faz uma política corporativista, elitista, alinha à lógica da política liberal que massacra o povo e retira direitos, que aprofunda a desigualdade social, ou que maltrata os trabalhadores. A minha avaliação é de que, num quadro geral, trata-se de uma bancada ultraconservadora, antiética, antipovo e contrária aos princípios do Evangelho de Jesus”, diz.

“Se ser cristão significa crer no Cristo, se ser cristão significa atualizar a vida de Jesus, dar testemunho da vida de Jesus, humilde e corajosamente eu digo que não. Jair Bolsonaro não reflete a lógica do Cristo. Não reflete a lógica do Evangelho, muito pelo contrário. Agora, do ponto de vista institucional e hegemônico, de um cristianismo colonial e colonialista, violento, desse cristianismo sem Cristo, sim, Bolsonaro é a representação desse cristianismo sem Cristo. Bolsonaro é um cristão deste cristianismo que mataria Jesus”, acrescentou.