Pai e filho executaram jovem negro que praticava atividade física no bairro. Juiz do caso se calou por 1 minuto para mostrar 'fração de tempo' que vítima foi perseguida antes de ser morta. Crime foi registrado em vídeo
Três homens brancos foram condenados à prisão perpétua pelo assassinato de Ahmaud Arbery — jovem negro executado enquanto praticava corrida de rua em um bairro de maioria branca na Georgia, nos Estados Unidos. As informações são do NY Times.
O Pragmatismo noticiou o caso em maio de 2020. Arbery, de 25 anos, estava desarmado e foi morto com tiros de espingarda à queima-roupa disparados por Travis McMichael, que o perseguia junto com o pai, Gregory McMichael, e um vizinho, William “Roddie” Bryan.
Na audiência em que a sentença foi dada, familiares de Arbery disseram que o jovem, que tinha 25 anos, foi morto por ser negro. “Ele tinha a pele escura, que brilhava no sol como ouro. Tinha o cabelo encaracolado, que gostava de trançar. Tinha um nariz largo e a cor de seus olhos era cheia de melanina”, disse Jasmine Arbery, irmã da vítima.
“Essas são as qualidades que fizeram esses homens presumirem que Ahmaud era um criminoso perigoso. Para mim, essas qualidades refletiam um jovem cheio de vida e energia que se parecia comigo e com as pessoas que amo.”
Os advogados dos réus argumentaram que o assassinato se justificava por ter ocorrido depois que Arbery passou correndo pela garagem da família, em um bairro que teria sofrido uma onda de roubos recentes. Pai e filho pegaram suas armas e perseguiram Arbery em uma caminhonete. Bryan, desarmado, juntou-se aos dois momentos depois.
Os réus disseram que pensaram que Arbery poderia estar por trás dos roubos. Entretanto, o jovem estava apenas praticando seu exercício físico diário.
1 minuto de silêncio
Antes de anunciar a pena dos três homens brancos, o juiz Timothy Walmsley pediu a todos na corte que ficassem em silêncio. Para “colocar em contexto” como aquele crime havia acontecido, o magistrado se calou durante um minuto, “a fração de tempo que Ahmaud Arbery correu” para tentar escapar de quem o matou.
Para o juiz, imagens do episódio gravadas com um celular mostram que a cena foi “assustadora e perturbadora” e não deixam dúvidas de que Travis disparou três vezes. É em razão da falta de sensibilidade exibida nos registros, segundo a interpretação do magistrado, que os McMichaels não poderão pedir progressão de pena para liberdade condicional em 30 anos, diferentemente de Bryan.