Pais fazem abaixo assinado contra exigência de vacina em escola de elite no Rio
Pais de escola de elite do Rio de Janeiro fazem abaixo-assinado contra vacinação de estudantes. A reação surgiu depois que a instituição encaminhou um comunicado colocando a vacina como condicionante para que os estudantes voltem a frequentar as aulas
Um grupo de pais e responsáveis de alunos da Escola Americana (Earj), no Rio de Janeiro, criou um abaixo assinado na internet contra o anúncio da instituição de que os estudantes a partir de 5 anos devem estar vacinados contra a Covid-19 para retornarem às aulas presenciais.
A reivindicação acontece após as unidades Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio, e Gávea, na zona sul, comunicarem na última sexta-feira (7) que, diante da inclusão do público infantil de 5 a 11 anos no Plano Nacional de Vacinação, a comprovação da imunização desse grupo passaria a ser exigida para as aulas presenciais no colégio.
O informe da escola diz que a medida é parte da política implementada no semestre anterior cujo objetivo é ter vacinados todos os alunos para os quais a vacina está disponível.
A obrigatoriedade leva em consideração o calendário oficial de vacinação divulgado pela Prefeitura do Rio que prevê o início da imunização de crianças com 11 anos no próximo dia 17. De acordo com o cronograma, a intenção da prefeitura é vacinar, até o fim deste mês, todas as crianças com até oito anos de idade.
No abaixo-assinado, que conta até agora com aproximadamente 280 assinaturas, os responsáveis afirmam que a vacinação do público infantil é um tema “complexo e polarizado” e que, portanto, “deve ser uma atribuição dos pais, não cabendo ao diretor da escola ou à sua diretoria, o direito moral ou a competência médica para compelir os pais a vacinarem suas crianças, sob pena de privá-los de frequentar presencialmente a escola”.
“Conforme está ocorrendo na maioria dos lugares ao redor do mundo, os ministérios da Saúde e da Educação, únicos órgãos competentes para tornar a vacina obrigatória para crianças, não estão exigindo que crianças sejam vacinadas contra a covid-19, como condição de manterem uma vida normal ou frequentarem as escolas“, diz outro trecho do petição.
O documento também diz que até o momento apenas a vacina da Pfizer foi aprovada para as crianças, o que limitaria o direito de escolha dos responsáveis sobre qual imunizante administrar aos filhos.
“Por favor, assine essa petição se você desejar que a diretoria da EARJ saiba que você, só você, deve ter o controle sobre decisões médicas relacionadas aos seus filhos, e que as recentes diretrizes devem ser revogadas.”
O manifesto intitulado de “Interromper a Vacinação Contra a Covid Obrigatória na EARJ” se encontra aberto na internet, qualquer um pode assiná-lo. É possível verificar que, entre as assinaturas, há pessoas de São Paulo e Belo Horizonte.
A advogada Paula Las Heras Andrade, a favor da vacinação, tem duas enteadas e uma filha matriculadas na instituição, com 9, 10 e 14 anos.
Andrade diz que o abaixo-assinado a preocupa porque ela acredita ser importante manter um ambiente saudável, com todos vacinados, garantindo a independência e a liberdade de decisão da escola.
“A própria instituição também tem a liberdade de fazer essa escolha [exigir a vacinação]. Qual seria a razão de uma parcela não estar [vacinada], quando todo o grupo está?“.
A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda a vacinação dessa faixa etária. “A presença de uma variante como a ômicron, com maior transmissibilidade, mesmo se comprovada sua menor severidade, torna grupos não vacinados (como crianças menores de 12 anos) mais vulneráveis ao risco da infecção e suas complicações, conforme vem sendo observado em outros países com presença desta variante. Neste contexto epidemiológico, estamos convencidos que ampliar o benefício da vacinação a este grupo etário é sim uma prioridade“.
Procurada, a assessoria de imprensa da escola disse que o colégio não vai se manifestar.
A Earj é uma escola de ensino bilíngue. No seu site, informa que conta com mais de 1.200 estudantes. A unidade da Gávea, na zona sul carioca, com 12 hectares tem vista para pontos turísticos, como o Cristo Redentor e possui mais de 700 alunos. Já a unidade da Barra da Tijuca está situada numa área residencial e tem 400 estudantes. Segundo levantamento da revista Forbes, a mensalidade no Ensino Médio supera os R$ 8.000.