Alguém disse que, se Bolsonaro tem problemas com camarão, imaginem o que poderá ter com Lula. É engraçado, mas é também revelador de que tudo no Brasil virou uma piada há muito tempo
Moisés Mendes*, em seu blog
O Brasil fica esperando uma explicação complexa para os problemas de saúde de Bolsonaro, e um médico vem a jato das Bahamas, desembarca e vai direto para o hospital, faz o diagnóstico e anuncia a história do camarão.
Sim, o médico Antônio Luiz Macedo assegura, confirmando versão do próprio Bolsonaro, que o sujeito teve obstrução intestinal por engolir camarão sem mastigar.
O Brasil tem um presidente com problemas de saúde porque engole camarão, como se fosse um comprimido de paracetamol tomado com cuspe, e o camarão acaba dobrando o intestino de Bolsonaro.
Parece absurdo, mas nada mais é absurdo no Brasil. O presidente da República está sob o risco permanente de sofrer e até morrer porque engole camarão, por ser ansioso ou por ter pressa para voltar para o jet ski.
Alguém disse que, se Bolsonaro tem problemas com camarão, imaginem o que poderá ter com Lula. É engraçado, mas é também revelador de que tudo no Brasil virou uma piada há muito tempo.
Depois de explicar a obstrução, com base científica que especialistas internacionais devem estar só agora captando, Bolsonaro também disse que não tirou férias.
Que apenas deu uma espichadinha até Santa Catarina, para descansar, pescar e brincar de piloto de cavalo-de-pau no Beto Carrero, e depois garantiu:
“Fizemos coisas fantásticas ao longo desses dias que dificilmente outro governo estaria fazendo. O presidente não tem férias. É maldoso quem fala que estou de férias. Eu dou minhas fugidas de jet ski. Dou lá uns cavalos de pau no Beto Carrero”.
Imaginem Bolsonaro fazendo coisas fantásticas. Bolsonaro já era o tiozão do cercadinho do Alvorada, das motociatas e do jet ski e agora é o tiozão do camarão, um sujeito que não sabe engolir comida, que assegura ter o cuidado de mastigar tudo, inclusive pipoca, menos o camarão.
O médico que viajou às pressas das Bahamas, veio em avião fretado, por ordem do hospital, e a Folha descobriu que um jatinho faz esse percurso por até R$ 680 mil.
O camarão que Bolsonaro engoliu sem mastigar fez o hospital ou o governo (quem vai pagar?) gastar uma fortuna.
Se fosse uma história de ficção, teríamos a graça do absurdo sobre o camarão atravessado, mas a realidade não nos deixa rir de mais nada.
Depois da história do camarão, ficamos sabendo que Bolsonaro vem de novo, já com ordens dadas à Polícia Federal, com a investigação da facada.
Bolsonaro tentou e não conseguiu inventar alguma coisa, que poderia ser um golpe ou, mais adiante, um jeito de esculhambar com a eleição.
Como percebeu que nada disso daria certo, inventou de acionar da Polícia Federal de novo em torno da facada.
Facada, camarão, jet ski. O Brasil é uma alegoria grotesca com um presidente que engole camarão e centrão sem mastigar.
Veja algumas reações nas redes sociais
*Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre. Foi colunista e editor especial de Zero Hora. Escreve também para os jornais Extra Classe, Jornalistas pela Democracia e Brasil 247. É autor do livro de crônicas ‘Todos querem ser Mujica’ (Editora Diadorim).
Siga-nos no Instagram | Twitter | Facebook