"Nem sempre acertamos", admite fundador do Spotify após plataforma perder R$ 11 bilhões em valor de mercado. Dono do podcast que estava na outra ponta da polêmica, Joe Rogan também se pronunciou e afirmou estar parcialmente arrependido. Programa de Rogan é um dos mais populares do mundo
O Spotify perdeu R$ 11,3 bilhões em valor de mercado após a polêmica envolvendo o músico Neil Young, que deixou a plataforma em protesto contra a manutenção do podcast de Joe Rogan, acusado de propagar negacionismo e teorias da conspiração. Em carta divulgada na última semana, Young teceu críticas ao apresentador e afirmou: “Eles [Spotify] podem ter Rogan ou Young. Não os dois.”
Na carta aberta, Young acusou o Spotify de “propagar informações falsas sobre vacinas, potencialmente causando a morte daqueles que acreditam”, ao disponibilizar os podcasts de Rogan para milhões de ouvintes.
Young afirmou que o Spotify é responsável por 60% de sua renda mensal, “mesmo assim, o boicote vale à pena […] mentiras são vendidas por dinheiro e não posso continuar apoiando a desinformação, que representa um risco à saúde entre os amantes da música”.
O Spotify não quis mexer com Joe Rogan e removeu a discografia de Young. Ele tinha na plataforma 2,4 milhões de seguidores e mais de 6 milhões de ouvintes mensais. O protesto de Neil Young motivou também a saída da cantora e compositora canadense Joni Mitchell, que anunciou que retirará suas músicas da plataforma.
De acordo com a revista de entretenimento Variety, as ações do Spotify caíram 6% após a polêmica. No mesmo período, o índice composto Nasdaq, de alta tecnologia, subiu 1,7% e o Dow Jones Industrial Average subiu 1,1%.
“Nem sempre acertamos”
Após o podcast de Joe Rogan não ser tirado do ar, o co-fundador do Spotify, Daniel Ek, publicou uma carta aberta explicando as medidas que a empresa tomará para enfrentar a questão.
“Pessoalmente, existem diversos indivíduos e visões no Spotify que eu discordo fortemente. Sabemos que temos um papel crítico em apoiar a expressão dos criadores enquanto equilibramos isso com a segurança dos nossos usuários. Nessa situação, é importante que não nos adotemos a posição de censura ainda que mantendo regras e consequências para quem as quebra”, pontuou Daniel Ek.
“Vamos adicionar um aviso em qualquer episódio de podcast que inclua discussões sobre a covid-19, direcionando os ouvintes a informações e dados atualizados por cientistas, acadêmicos e autoridades médicas ao redor do mundo, além de links para fontes confiáveis. É o primeiro desse tipo em qualquer plataforma de podcast. Nem sempre acertamos, mas estamos comprometidos em aprender e evoluir”, pontuou Daniel Ek.
Joe Rogan se pronuncia
Dono de um dos podcasts mais populares do mundo, Rogan tem um acordo exclusivo de vários anos com o Spotify, no valor de 100 milhões de dólares, além de um enorme número de seguidores.
O podcast é um foco de teorias da conspiração e informações falsas, em especial sobre a pandemia. O apresentador desencoraja jovens a se vacinarem e defende o uso de Ivermectina, um remédio antiparasitário, para tratar o vírus.
No mesmo dia em que o CEO do Spotify publicou o comunicado, Joe Rogan se mostrou ao menos parcialmente arrependido em um novo vídeo publicado em sua conta do Instagram.
O podcaster admitiu que “nem sempre acerta” e prometeu “fazer melhor” nos próximos episódios. Rogan, que se diz fã de Neil Young, declarou que estava “muito arrependido” por ver músicos icônicos sentirem que tiveram que deixar o Spotify por sua causa. “Eu certamente não quero isso”, disse.
Rogan ainda falou que seu podcast “não é tão preparado ou desenvolvido” e aproveitou para agradecer ao Spotify por “ser tão solidário durante este período”. Rogan completou dizendo que lamenta muito que “isso esteja acontecendo com eles”.
Após dizer que poderia ter convidado mais especialistas com opiniões diferentes para seu programa, Rogan aponta que concorda com o aviso de isenção de responsabilidade e plano de aviso de conteúdo de Daniel Ek.