Ultradireitista é enterrado com bandeira nazista na Itália
Homem falecido homenageado com bandeira e saudações nazistas era membro do Forza Nuova, principal organização de extrema-direita da Itália. Abertamente negacionista, grupo encabeçou protestos violentos contra o governo após anúncio de medidas para combater a pandemia
Líderes católicos e judeus italianos condenaram nesta terça-feira (11) um episódio em que extremistas de direita colocaram uma bandeira com uma suástica sobre um caixão do lado de fora de uma igreja após um funeral religioso e fizeram saudações nazistas.
A arquidiocese católica de Roma disse em comunicado que os padres da paróquia de Santa Lúcia, que fica em um bairro central da cidade, incluindo o clérigo que presidiu o rito fúnebre, não tinham ideia do que aconteceria fora da igreja na segunda-feira (10).
Imagens mostram o caixão com o corpo de Alessia Augello, ex-integrante do grupo extremista de direita Forza Nuova, coberto pela bandeira. A declaração da diocese chamou a bandeira de “um símbolo horrendo que não pode ser conciliado com o cristianismo” e disse que o episódio foi um exemplo ofensivo de “exploração ideológica” de um serviço religioso.
A comunidade judaica de Roma expressou indignação por tais eventos ainda poderem acontecer mais de sete décadas após o fim da Segunda Guerra Mundial e a queda da ditadura fascista italiana.
“É inaceitável que uma bandeira com uma suástica ainda possa ser mostrada em público nos dias de hoje, especialmente em uma cidade que viu a deportação de seus judeus pelos nazistas e seus colaboradores fascistas”, disse o comunicado.
Pouco depois de o caso vir à tona, a polícia italiana informou que investigaria o incidente como possível crime de ódio. Nesta terça, a instituição disse que dezenas de militantes de ultradireita que participaram do ato já foram identificados e que a apuração tentava descobrir quem foram os organizadores.
Após as conclusões, o caso será enviado ao Ministério Público, o que, segundo o jornal italiano Corriere della Sera, poderia ocorrer nas próximas horas.
No Facebook, a tia de Alessia Augello publicou um texto repudiando o acontecimento. “Nós nos dissociamos totalmente dos eventos que aconteceram fora da igreja, sobre os quais não estávamos cientes. […] Nem a própria Alessia teria [os] apreciado”, escreveu.
O partido de extrema-direita ‘Forza Nuova’ foi criado no final da década de 1990, mas tem ganhado força em meio à recente onda de radicalismo na Europa e no mundo. Ao lado da sigla CasaPound, o grupo é a principal organização neofascista em atividade na Itália.
Abertamente negacionista, o Forza Nueva foi um dos organizadores de protestos violentos contra o governo do primeiro-ministro Mario Draghi após ele anunciar novas restrições para frear o avanço da Covid-19.
com Reuters