Saúde

Vacinas para adultos vencidas são aplicadas em crianças na Paraíba

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Lote vencido de vacinas para adultos é aplicado em crianças na Paraíba. Mães relataram que filhos apresentaram reações adversas e Ministério Público investiga o caso. Vacinas da Pfizer para adultos e crianças possuem diferenças importantes

(Crédito: Pixabay)

O MPF-PB (Ministério Público Federal da Paraíba) investiga uma UBS (Unidade Básica de Saúde) que aplicou em crianças vacinas para adultos vencidas. O caso ocorreu na cidade de Lucena, região metropolitana de João Pessoa (PB).

A vacinação teria acontecido na semana passada, sete dias antes da chegada do imunizante da Pfizer com dosagem adequada para idade (5 a 11 anos) ao estado da Paraíba.

De acordo com a denúncia, cerca de 40 crianças teriam sido imunizadas com vacinas destinadas aos adultos. Uma mãe de dois meninos, ambos com menos de 10 anos, divulgou nas redes sociais um vídeo em que os filhos receberam doses da Pfizer, em 7 de janeiro.

A Paraíba só recebeu as doses da Pfizer para crianças na última sexta-feira (14). Com o recebimento do caso, o MPF intimou a mãe e a responsável pela UBS para prestar esclarecimentos.

Para diferenciar a vacina para crianças, o imunizante da Pfizer para esta faixa etária é laranja, enquanto o frasco utilizado em maiores de 12 anos tem detalhes em cores roxas. Para evitar confusões, a Anvisa recomendou que seja feito um treinamento específico para aplicação da vacina em crianças. Uma diferença entre as duas é o tempo em que o frasco pode ficar armazenado: a das crianças pode ser guardada por um mês, enquanto a dose “normal” pode ser armazenada por 10 semanas.

Além disso, as vacinas indicadas para o público de 5 a 11 anos possuem diferenciação na dosagem, composição e concentração de RNA mensageira. A dose infantil equivale a ⅓ da que é utilizada em adolescentes e adultos.

Lote vencido

O lote vencido aplicado nas crianças é o FM 3457. Segundo a prefeitura de Lucena, as crianças que receberam as vacinas de adulto contra a Covid-19 não apresentaram reações adversas. No entanto, as mães relataram sintomas gripais, febre alta e vômito.

A agricultora Maria das Neves disse que recebeu uma ligação de sua cunhada informando que tinha vacinado a sobrinha dela. Maria foi, então, com o filho de 10 anos à UBS para que ele também fosse vacinado.

“Quando cheguei no posto, deram a vacina no menino. Só que agora, a gente assistindo na TV, apresentou que a vacina vai chegar na Paraíba [para crianças]. Aí, a gente que deu ficou tudo desesperado”, contou Maria, preocupada.

Segundo os moradores, algumas crianças chegaram a ser vacinadas em dezembro de 2021 na UBS da comunidade. Nos cartões de vacinação, a data de imunização com a primeira dose é do dia 21/12.

Medidas

A orientação para a vacinação antecipada de crianças teria partido de uma agente comunitária de saúde que atua na localidade. A funcionária foi afastada até que as investigações esclareçam se ela se equivocou ou agiu intencionalmente.

“Optamos por não enviar doses pediátricas à Lucena. Estamos [governo do Estado] pensando em assumir a vacinação de crianças temporariamente, ainda que essa não seja nossa atribuição, pois há uma fragilidade evidente em relação à imunização desse público. Aguardamos a apuração dos fatos para chegarmos aos nomes de todas as pessoas que contribuíram para esse infeliz ato”, afirmou o secretário de Saúde da Paraíba, Geraldo Medeiros.

Conforme o secretário, nenhuma criança apresentou eventos adversos graves. A recomendação é de que elas sejam revacinadas 30 dias após a primeira aplicação. Geraldo Medeiros tranquilizou a população quanto à segurança da vacina pediátrica contra a Covid-19.

“Mais de 10 milhões de crianças já foram vacinadas no mundo inteiro com o imunizante da Pfizer apropriado para o público infantil. Não há motivo para apreensão. As vacinas são seguras. Pais, mães e responsáveis podem ficar tranquilos”, ressaltou.